Decorreram, de então para cá, escassos 31 anos, mas as alterações ocorridas foram vertiginosas em todos os domínios.

Do mundo que hoje nos parece já tão distante, o bipolar, passámos rapidamente para um mundo unipolar, com a hegemonia dos EUA.

Hoje vivemos num mundo multipolar, com várias potências supranacionais a disputarem influências, num quadro que é de uma grande concorrência.

O facto de a Covid-19 ter imposto estados de emergência e medidas de confinamento, conduzindo mesmo ao encerramento de fronteiras, com efeitos na mobilidade terrestre e aérea, não significa que os países doravante passarão a viver fechados em si mesmos.

A interindependência existente implica que se reconheça que a globalização veio para ficar.

Devemos encará-la assim, assumindo com transparência as relações com este novo mundo.

As negociações que ainda se desenvolvem com o FMI e com vários credores por parte de Angola, na renegociação da sua divida, são a expressão da nova realidade deste mundo multipolar.

Na verdade, a República Popular da China é hoje o principal credor de Angola, o que não sucedia num passado não muito distante, partilhando essa posição com vários outros credores com origens multipolares.

A diversificação dos credores, sem que o País fique condicionado aos ditames de um só, com posição muito dominante, amortece o risco de uma excessiva dependência.

Esta conclusão deve ocorrer paredes-meias com a atenção com que devemos olhar para os países que, no novo quadro desta multipolaridade, têm nela forte influência.

Daí a importância das eleições para a Presidência da República nos EUA, que se realizam a 3 de Novembro.

Não sendo claro, neste momento, quem vai vencer, se Trump ou Biden, parece, pelo menos descortinável pelas declarações de Trump, que a sair vencedor a guerra comercial com a República Popular da China será reforçada, não sendo de todo de excluir que a recessão nos EUA se possa prolongar por mais tempo que o previsível, com o termo dos subsídios aos trabalhadores e às pequenas e médias empresas.

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