Na última semana, dois cidadãos portugueses foram assassinados em Angola: um durante um assalto, em 13 deste mês, e outro na própria residência, na passada terça-feira

A informação foi avançada pela agência Lusa, que lembra que estas mortes se juntam a uma outra, ocorrida em Fevereiro último, de um empresário português na província de Malanje.

"Não tinha conhecimento da notícia da ocorrência de uma terceira morte de um português em Angola e é óbvio que essa é uma questão que nos preocupa. Essas questões são tratadas através dos canais diplomáticos normais com as autoridades angolanas, no sentido do esclarecimento das circunstâncias destes crimes", afirmou Francisca Van Dunem.

A governante portuguesa ressalvou que o assunto é do foro judiciário, disponibilizando o apoio de Portugal a Angola, se Luanda assim o entender.

"Estamos a falar de questões que estão no foro judiciário e, por isso, respeitamos, temos todo o interesse e damos todo o apoio que for necessário e que nos for pedido ao nível das investigações. Mas confio nas autoridades angolanas e na capacidade que terão para investigar esses crimes até ao fim e num prazo razoável", declarou.

O caso mais recente ocorreu na terça-feira, com a morte do empresário Mário Manuel da Ressurreição Fernandes, de 45 anos, gerente da empresa Food Love Market, que foi encontrado sem vida, com as mãos amarradas, na casa de banho da sua residência num condomínio na centralidade (bairro) do Kilamba, arredores de Luanda.

Para já, desconhece-se o móbil do crime que vitimou Mário Fernandes, natural de Carrazeda de Ansiães (distrito de Bragança, nordeste de Portugal) e que viveu na Cidade do Cabo, África do Sul, onde tem família, até há cerca de um ano, quando se mudou para Luanda e abriu a empresa.

No passado dia 13, outro cidadão português, Francisco Manuel Tomé Ribeiro, residente há mais de 40 anos em Angola, foi abatido a tiro por três meliantes que lhe roubaram a motorizada à porta de casa, no Bairro do Zango III (arredores de Luanda), crime testemunhado pela sua filha de 7 anos.

Em 03 de Fevereiro último, o empresário Adérito Florêncio Tété, 85 anos, natural de Trás-os-Montes, foi encontrado no quarto da sua residência em Malanje, 380 quilómetros a leste de Luanda, com a cabeça ensanguentada.

Na ocasião, o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal em Malanje, Lindo Ngola, confirmou que a morte do empresário português foi provocada por "meliantes não identificados", que lhe desferiram "vários golpes na cabeça com objetos contundentes".

Durante a sua visita a Angola, Francisca Van Dunem rubricou com o ministro do Interior, Ângelo da Veiga Tavares, e com o chefe da diplomacia Manuel Augusto, vários acordos de cooperação que estavam por formalizar há vários anos.

Os acordos assinados abrangem desde o intercâmbio na reinserção social de presos que tenham cumprido penas à colaboração entre a Polícia Judiciária portuguesa e o Serviço de Investigação Criminal (SIC) angolano.

Antes existia um conjunto de protocolos já assinados - apesar de os serviços prisionais, judiciários e de investigação criminal terem tutelas diferentes nos dois países -, que passam também pela colaboração entre os tribunais, além de outros ligados ao sistema judicial e judiciário.

Durante a estada em Luanda, Francisca Van Dunem efetuou também visitas de cortesia a órgãos do poder judicial angolano - Tribunal Supremo, Tribunal Constitucional, Tribunal de Contas e Procuradoria-Geral da República -, e proferiu uma palestra na Universidade Agostinho Neto.

Francisca Van Dunem adiantou ainda ter tido uma última reunião, já ao fim da tarde, em Luanda, capital do país, com o seu homólogo angolano, Francisco Queirós, em que ficou a possibilidade, "para muito em breve", de um encontro técnico de trabalho em Lisboa, a nível de secretários de Estado, para se dar continuidade ao trabalho.