O incidente terá sido originado por uma plataforma petrolífera offshore, segundo apurou o Novo Jornal no local, mas há quem fale em danos num oleoduto subaquático ou ainda no vazamento de um petroleiro.

De acordo com alguns pescadores e populares que habitam nas localidades atingidas, também as redes para pesca foram afectadas e nada ainda foi dito pelas autoridades ou pela empresa petrolífera.

O petróleo bruto cobre parte do mar na orla marítima, contaminando praias e ecossistemas costeiros, causando alterações químicas e físicas no ambiente, além de prejudicar a vida existente naquelas localidades e populações, visto que uma boa parte vive da pesca.

A situação já mereceu várias reações por parte de vários estratos da sociedade, com destaque para os parlamentares do círculo provincial. É o caso do Gervásio Nzau, deputado da UNITA que lamentou a situação e pediu responsabilização da empresa e que os pescadores sejam indemnizados.

Raul Taty, primeiro-ministro do governo sombra da UNITA, reforçou as críticas, lembrando a recorrência de crimes ambientais na região sem punições eficazes.

Cabinda já registou vários derrames graves de petróleo, como os de 2001, 2011 e 2015 pela Chevron e, em 2019 pela Somoil, e em 2020, quando foram detectadas manchas de petróleo nas praias da Quinfuquena, no município do Soyo, província do Zaire, e que avançaram até à província de Cabinda.

Estes derrames afectaram drasticamente o ecossistema do Parque Nacional do Maiombe nas mais variadas vertentes, como alerta a EcoAngola, uma organização que promove a sustentabilidade com um foco específico em desflorestação, plásticos, lixo e reciclagem em Angola.

A associação refere que segundo os pescadores e populares da região, os derrames têm provocado a morte de algumas espécies raras de animais marinhos em Cabinda, com destaque para as tartarugas e baleias, e podem ser um dos factores causadores do desaparecimento dos mangais da foz do rio Chilongo.

"Para além das consequências ecológicas, os derrames de petróleo no mar de Cabinda, deixaram centenas de famílias privadas das suas fontes de rendimento e uma parte da população foi obrigada a deixar aquelas localidades devido ao forte cheiro de petróleo", conta a EcoAngola, lembrando que para além disto, "os pescadores têm de interromper as actividades pesqueiras aquando da ocorrência de derrames. Isto para não haver o risco de fornecer peixe contaminado às populações, que pode provocar mortes em grande escala por intoxicação".

Estes desastres ecológicos também têm elevado custo económico pois as operações de limpeza são muito caras e há a necessidade de compensar os efeitos económicos provocados pelo derramamento de crude, isto para além dos enormes custos para um País que quer apostar no turismo.