Com as armas silenciadas devido ao acordo que entrou em vigor no Domingo, a devastação em Gaza, onde mal se encontra um edifício que não esteja em ruínas, começa a ser melhor percebida devido às imagens aéreas que agora podem ser feitas e são divulgadas nos media internacionais.

O número de mortos, superior a 46 mil, reconhecido pela ONU e pelas autoridades de Gaza, com o passar dos dias e da remoção de escombros, com recurso a equipas treinadas, incluindo cães de resgate em áreas de catástrofe, deverá aumentar substancialmente, podendo, segundo organizações internacionais, chegar aos 120 mil.

Não é uma surpresa, mas, como nota a Al Jazeera, citando os seus próprios repórteres no terreno, o que se começa a perceber melhor agora é que tamanha destruição só pode ser explicada se o objectivo fosse mesmo tornar inabitável toda a Faixa de Gaza.

O que faz sentido porque isso mesmo chegou a ser verbalizado pelos ministros mais radicais do Governo israelita, Bem Gvir, da Segurança Interna, e Bezalel Smotrich, das Finanças, ambos já fora do Executivo de Benjamin Netanyhau por não concordarem com o cessar-fogo.

Ao fim de 15 meses de invasão israelita, iniciada a 08 de Outubro de 2023, após o assalto do Hamas ao sul de Israel, deixando um rasto de mais de mil mortos, a Faixa de Gaza, segundo relatam os jornalistas no local, está agora a ser passada a pente fino pelos habitantes.

Estes procuram não apenas os restos mortais dos seus desaparecidos entre os escombros, mas também o que resta dos seus bens, incluindo simples tachos ou roupas...

E à medida que os dias passam, do exterior começam a chegar, diariamente, centenas de camiões com ajuda humanitária, e equipamento pesado para remover o entulho em todo o território sendo que, segundo especialistas, esse trabalho pode demorar duas décadas a ser concluído.

Entretanto, dos EUA chegam declarações surpreendentes da nova embaixadora nas Nações Unidas, escolhida pelo Presidente Donald Trump, Elise Stefanik, que, durante a audição no Congresso, afirmou que Israel tem o "direito bíblico" de ocupar a Cisjordânia.

Ao mesmo tempo, a próxima diplomata a chefiar a equipa norte-americana na ONU, recusou responder à pergunta sobre se a Palestina tem direito à autodeterminação, a ser um Estado, optando pela via extremista de apoiar os extremistas religiosos em Israel.

Segundo alguns analistas, esta postura pode colocar em risco a paz na região porque enquanto não for aplicada a resolução das Nações Unidas sobre a criação do Estado palestiniano, a famosa solução dos dois Estados na Palestina, dificilmente poderá haver uma paz sólida e duradoura no Médio Oriente.