O professor Ndonga Mfuwa disse ao NJONline que aquilo que o estudo revela, e será publicado ainda este ano, é que "centenas de crianças foram afastadas pelas suas famílias, acusadas de feitiçaria, no Bengo, Zaire, Uíge e Cabinda", províncias onde, nos últimos três anos, a equipa de cinco investigadores tem apurado estes dados no terreno, junto das populações e os centros que recolhem depois estes menores.

"Há relatos, nessas localidades, de que, no passado, havia progenitores que atiravam os filhos ao rio para serem comidos pelos jacarés por julgarem ser feiticeiros. Mas não temos números nem provas. São relatos de populares, histórias que se contam", explica o professor, que quer que este estudo sirva "para o País debater o fenómeno que tanto tem prejudicado as crianças e as famílias angolanas".

Para Ndonga Mfuwa, o fenómeno é gerador de desestabilização social e por isso deve ser combatido, tendo os cientistas sociais um papel preponderante, trazendo o assunto "para ser discutido com seriedade pelas autoridades e sociedade civil".

O director do CEIP fez-nos chegar, entretanto, uma cópia do comunicado que enviou para a redacção do Jornal de Angola em que o Centro de Estudos e Investigação em População rebate a notícia publicada por este diário: "Contrariamente ao que diz o titulo assustador e comprometedor do referido artigo, trata-se de centenas de crianças geralmente postas fora das suas famílias, em alguns casos pelos próprios progenitores, por se tratar de "bruxas" ou "feiticeiras. No melhor entendimento e na interpretação correcta das nossas palavras, não se trata de "centenas de crianças atiradas aos rios", apesar de existirem alguns relatos sem provas que se referem a esta pratica, mas sim daquelas comumente excluídas das suas famílias, como acontece em várias regiões do nosso País, em particular, e em África, em geral".