Os moradores do bairro afirmam que os assaltos têm sido em plena luz do dia e à vista de todos.

Dois moradores, que preferiram não ser identificados, denunciram ao NJOnline que já comunicaram a situação várias vezes ao Comando Municipal da Polícia Nacional, em Cacuaco, mas os agentes nada fazem.

"Já fizemos muitas reclamações, junto do comando, mas parece que são surdos, pois não nos dão ouvidos", contaram os munícipes.

De acordos com os moradores, os assaltos são mais frequentes no fim do dia, por volta da meia-noite, mas muitas vezes acontecem também em horários com bastante movimentação, como às 12:00.

"E alertamos sempre a Polícia, que apenas nos dizem que vão fazer alguma coisa e nunca fizeram nada".

Segundo os munícipes do sector nº 5, os meliantes andam em grupo de mais de 15 pessoas e à luz do dia, exibindo armas de fogo, como as AKM.

"Às vezes pensamos que são homens do Serviço de Investigação Criminal (SIC). Ai de ti se passares em frente deles e não tiveres nada para lhes entregar... Serás vítima deles naquele dia", explicaram.

Há noites, contam os moradores, muito perigosas, "pois há movimentação de motorizadas de três rodas, com homens a gritar "vamos entrar aqui nesta casa, e depois ali`, com os gritos de socorro vindos de todo o lado e ninguém a conseguir ajudar".

Entretanto, os habitantes daquela zona contam ainda que os moradores que pertencem à Polícia Nacional são alvo dos meliantes na calada da noite.

"Aqui ser polícia é um crime, fica logo alvo dos marginais, eles apelidam-te por "Baba`, que significa polícia, que para eles é inimigo, e então é perseguido " denunciam.

Os munícipes contaram que havia iluminação pública no bairro, mas que, "infelizmente os marginais partiram todas as lâmpadas, para lhes permitir praticar os crimes".

O NJOnline soube junto dos moradores que as áreas daquele Bairro onde o índice de criminalidade é maior são a entrada do Campo Vermelho e a Ponte do Cavuquila.

"Quem manda e determina a lei naquela zona são os marginais", afirmam os moradores, que pedem a intervenção urgente das autoridades.

Quanto ao patrulhamento policial, contam os moradores, existe simplesmente à tarde, mas para mandarem parar e prender motoqueiros, os vulgos "Kupapatas", "porque lhes interessa".

Margarida Dala, moradora no bairro há 12 anos, contou que os meliantes são jovens do bairro e que, muitas vezes, são protegidos pelos familiares, situação que também tem gerado muita discussão entre moradores.

"Há mães aqui a proteger os seus filhos, mesmo sabendo que os filhos matam, roubam, violam, enfim... mas ainda protegem, eu e outras moradoras tivemos problemas com uma vizinha porque denunciámos, uma vez, o filho dela, altamente perigoso, e fomos ameaçadas pelos familiares", contou.

Um membro da comissão de moradores daquele bairro, que não quis ser identificado com medo de represálias, contou ao NJOnline que no último encontro que os residentes tiveram com o comandante distrital dos Mulenvos, este informou que a Polícia, a nível local, tem feito "jogo de cobertor", ou seja, não tem efectivos suficientes para restituir a ordem.

O NJOnline contactou o director do gabinete institucional e imprensa, do comando provincial da Polícia, em Luanda, intendente Mateus Rodrigues, que prometeu pronunciar-se nos próximos dias.