O prazo para entregada da obra já está vencido há três meses, como havia assegurado aos jornalistas o secretário de Estado da Construção, Manuel José da Costa Molares D"Abril, em Outubro de 2018, quando visitou o local.

Na ocasião, Manuel José da Costa Molares D"Abril, havia referido que estavam criadas as condições financeiras e de realojamento das restantes sete famílias para a obra prosseguir e que a previsão para a sua conclusão era o mês de Abril desde ano.

Nove meses depois, o NJOnline deslocou-se ao local e constatou que o andamento da obra ainda é lenta e já decorre com grande atraso, embora homens e máquinas continuem a trabalhar no local.

O NJOnline constatou ainda que a circulação rodoviária junto ao CFL sofreu alteração no sentido Rangel - Cazenga, estando este trajecto a ser feito pela Rua 2 da Comissão do Rangel, saindo pela Rua do Tunga Ngo, passando por baixo do viaduto e seguindo pela rua A da ex- comissão da Cariango.

No Cazenga, os moradores do Tala-Hady manifestam preocupação face ao início da época chuvosa que se avizinha, em função do andamento da obra mostrar de forma clara que esta está muito longe do seu término.

Margarida Dala, moradora na Avenida Hoji-ya-Henda há mais de 20 anos, e que em função da obra não andar, não vê o seu carro estacionar no seu quintal há quatro anos, explicou que não percebe os motivos pela qual outros viadutos, que começaram muito depois desde, estarem já concluídos.

O ancião Domingos André contou que costumava sentar à porta de casa e apreciar os carros e pessoas a circularem pela Hoji-ya-Henda e hoje está impedido desse pequeno prazer, o que diz para enfatizar o facto de a obra estar a andar a passo de caracol.

Mas conta que, desde que foi colocado o morro que suporta o viaduto, até a brisa deixou de entrar na sua residência que hoje considera ser um autêntico "forno".

"O Governo não diz o quê que vai ser de nós no futuro, uns dizem que vamos sair, outros dizem que vamos permanecer aqui, mas permanecer será morte para nós, visto que estamos mesmo junto ao viaduto. E a obra está muito demorada, há semanas que o empreiteiro não trabalha", contou Domingos André, de 84 anos, reformando do CFL.

Bernardo João Domingos, de 58 anos, também morador na Avenida Hoji-ya-Henda, explicou que na época chuvosa os moradores junto ao viaduto têm muitas dificuldades de circulação e também de tirar as águas das chuvas dos quintais.

"Toda a água cai para o nosso lado e as casas inundam, como agora estamos no beco, em função do morro, a nossa vida aqui esta a ser guiada por Deus. A estrada nunca termina, está sempre num anda e não anda, enfim... Não sabemos mais o que pensar", disse.

Os munícipes do Rangel também não percebem a demora da obra que iniciou em 2015.

Zeferina António, de 45 anos, contou que parte da sua casa foi partida e até ao momento as obras não terminam.

"No tempo de chuva, temos tido dificuldades, não há estrada, a obra é essa que nunca termina. No ano passado esteve aqui o Secretario de Estado da Construção, que nos garantiu que a obra ficaria pronta antes de Maio deste ano, e nada", lamentou e acrescentou: "Mas o viaduto do Zango e do Jumbo nem sequer um ano fez".

Risco de dormir ao relento

Alguns munícipes da Hoji-ya-Henda, junto à comissão do Rangel, que poderão ver as suas residências demolidas em função da construção do viaduto, mostram-se preocupados com o silêncio das autoridades no processo de transferência.

"Sabemos que vamos sair daqui, mas até agora não nos dizem nada. Estamos a esperar um pronunciamento do Governo, mas o que nos preocupa mesmo é o andamento desta obra que está mais parada do que andar", disse ao NJOnline um dos afectados.

Um dos responsáveis de um estabelecimento de ensino privado, junto à linha férrea, no Cazenga, que não quis ser identificado, disse que a sua instituição tem funcionado com muitas restrições em função das obras que tardam a ser concluídas.

"Os nossos encarregados reclamam muito em função dos transtornos que essa obra está a criar. Mas enfim... Nada podemos fazer a não ser esperar pela sua conclusão", lamentou.

Os residentes da rua 3 do Rangel disseram ao NJOnline que em tempo de chuva a rua não suporta a passagem de viaturas.

"Se essa já é a rua alternativa que o Estado arranjou, então que asfaltem e criam condições enquanto a obra na Avenida Hoji-ya-Henda vai decorrendo. Porque quem sofre com tudo isso somos nós os moradores que não conseguimos ter paz", explicaram.

Vários automobilistas disseram que tem sido uma "dor de cabeça" circular nas horas de ponta naquele troço, em função do estreitamento da via e das más condições da estrada alternativa.

"Aqui é só já ter paciência, não temos outra saída. Essa obra começou há muitos anos e nunca terminou, mexem daqui mexem ai e nada. Seria bom que terminassem antes das chuvas começarem para facilitar o trânsito automóvel aqui na Avenida Hoji-ya-Henda", apelaram os motoristas.

Os motoristas e moradores pedem que as obras terminem antes da chegada das primeiras chuvas, caso contrário, vai ser "o inferno outra vez".

De recordar que a obra da passagem de nível iniciou em Março de 2015, com um prazo de execução de 24 meses na qual foram executados os trabalhos num período de 20 meses, cujo contrato inicial foi de 2.588.000.000 de kwanzas.

Após a conclusão da obra, o viaduto terá 83 metros de comprimento na parte suspensa, 22 de largura e uma altura máxima de 8,36 metros.

O mesmo terá ainda passeio de dois metros transversal e sete metros de faixas de rodagem transversal e nos acessos, o separador terá 0,6 metros, a berma três metros, transversal.

O viaduto terá, no total, 178 metros de extensão de acesso ao Rangel, 175 metros de extensão de acesso ao Cazenga e um canteiro central de 1,4 metros.

O NJOnline contactou a construtora angolana Carmom, responsável pela construção do viaduto, mas esta não aceitou prestar declarações por falta de autorização superior.