Em conferência de imprensa, realizada esta segunda-feira, 23, o SIPQMA afirmou que muitas das empresas do sector petrolífero mantêm uma taxa fixa dos pagamentos dos trabalhadores, recusando-se a actualizar os salários de acordo com a orientação do BNA.

Face à situação, os trabalhadores de várias empresas do sector petrolífero filiadas no SIPQMA prometem cruzar os braços já no próximo mês e por tempo indeterminado, caso os patrões ou quem de direito não resolvam a situação, que consideram abusiva.

O SIPQMA dá como exemplo os trabalhadores que em 2013 ganhavam um salário mensal de 1.200 dólares e que hoje estão receber 350.000 lwanzas, quando, tinham de receber, ao câmbio actual, mais de 800 mil kz.

Luís Manuel, o secretário-geral do Sindicato das Industrias Petro-Químicas e Metalúrgicas de Angola, disse aos jornalistas que essa prática está ao ocorrer em mais de 10 empresas do sector petrolífero, onde, segundo explicou, os trabalhadores estrangeiros continuam com os seus salários em dólares.

"As empresas aproveitam-se da crise financeira para dizer que não pagam salários à taxa de câmbio do BNA por conta da crise, quando o próprio BNA disse que os salários devem permanecer indexados ao USD, convertidos mensalmente em kwanzas à taxa que o BNA vende mais 3 %", lamentou, acrescentando que "essa orientação não está a ser cumprida nem considerada".

O secretário-geral do SIPQMA referiu que muitos funcionários das empresas petrolíferas foram despedidos por reivindicarem esse pressuposto legal, sob olhar silencioso das autoridades competentes.

De acordo com Luís Manuel, só nas empresas Schlumberger e Halliburton, já foram despedidos mais de 1000 trabalhadores cujos processos de despedimento estão em tribunal há três anos.

Por isso, prossegue, é que há muitas empresas a mandar funcionários para casa e a dizer, com petulância, que eles se podem queixar onde quiserem porque o assunto vai levar tempo.

"Nós não pedimos aumento salarial, pedimos apenas o cumprimento do que está escrito na Lei cambial", afirmou.

"Um funcionário na lógica devia estar a receber mais 800 mil kz, agora está a receber 350 mil, com um prejuízo de cerca de 400 mil kwanzas", afirmou.

Segundo o responsável do SIPQMA, o Ministério dos Petróleos e a Inspecção Geral do Trabalho são as entidades que têm a obrigação de mediar os conflitos e nada dizem.

"Ao invés de pagarem 100%, apenas queremos que nos paguem pelo menos 80% da taxa de câmbio do dia. Ao mesmo tempo, exigimos que nos paguem os retroactivos de apenas dois anos, ao contrário dos seis a que temos direito, mas mesmo assim as empresas recusam-se a pagar e os órgãos de direito não dizem nada", declarou o sindicalista.

O SIPQMA avançou que a possível paralisação deve acontecer antes do dia 15 de Dezembro, fruto do veredito final dos trabalhadores no último encontro, realizado no mês passado.