No último discurso sobre o Estado da Nação da anterior legislatura, proferido a 17 de Outubro de 2016, José Eduardo dos Santos defendeu que os programas do Governo já se traduzem numa redução da pobreza, objectivo que se mantém como uma prioridade do Executivo, de forma a que, em 2025, Angola seja um país de desenvolvimento humano elevado.

Depois de destacar o esforço de desminagem que o país teve de fazer para iniciar o processo de reconstrução nacional, o então Chefe de Estado apresentou uma série de indicadores, que dão a medida dos ganhos que o país alcançou com a Paz.

"O Índice de Desenvolvimento Humano do povo angolano está acima da média do dos países da África Subsaariana", considerou José Eduardo dos Santos, apontando 2025 como a próxima meta. "O objectivo a que o país aspira é o de entrar até 2025 no grupo de países de desenvolvimento humano elevado", disse o ex-Presidente, elegendo o combate à pobreza como "uma prioridade do Governo".

Apesar de reconhecer o impacto da crise nas condições socioeconómicas da população, José Eduardo dos Santos lembrou que o país já ultrapassou outros momentos de adversidade.

"A economia não estagnou, apenas perdeu a pujança com que se vinha desenvolvendo", assinalou o líder do MPLA, apelando à união nacional para dar a volta à situação.

"Temos de continuar a confiar nas nossas forças para vencer a crise", frisou José Eduardo dos Santos, sem esquecer o processo eleitoral conducente à realização das eleições gerais de 2017.

"Vamos consolidar o processo democrático que já é irreversível", antecipava o antecessor de João Lourenço, confiante de que a Paz triunfará como "a principal força identitária de todos os angolanos".

Não se pode falar de Angola como se fala de Portugal, Cabo Verde ou do Senegal

Naquele que era um dos discursos mais aguardados de José Eduardo dos Santos dos últimos anos, confirmou-se que a tónica foi colocada na crise económica que assola o país "desde 2008", e dos esforços feitos logo após o fim do conflito armado, nomeadamente na exigência da reconstrução de pontes, centrais, linhas de transporte de energia, bem como desminar largas extensões de território para permitir o desenvolvimento da agricultura.

O antigo Chefe de Estado lembrou que não se pode falar de Angola como se fala de Portugal, Cabo Verde ou do Senegal, porque a sua história "não é igual à dos outros países", sublinhando que após o final da Guerra, em 2002, foi preciso reconstruir e reorganizar o país, como por exemplo de Luanda, cidade que "teve de ser protegida de ataques bombistas".

José Eduardo dos Santos defendeu que, apesar da crise económica e financeira que assola o país desde 2008, devido à queda do preço do petróleo no mercado internacional, Angola "está a lidar com a crise melhor que outros países".

E deu como exemplo a queda dos preços dos bens essenciais, a diminuição dos juros, a melhoria dos níveis de emprego, no sistema de saúde e da educação, entre outros, substanciando a retoma dos ganhos permitidos pela paz, que estavam a ser colocados em causa.

O então Chefe de Estado disse ainda que não é verdade que a diversificação da economia seja uma coisa nova, porque ela está a acontecer "há muito tempo", lembrando que a história do país não é a mesma que existe noutros países.

E apontou também, entre outros exemplos, os esforços de desminagem, porque, como lembrou igualmente, "Angola era, a par do Cambodja", um dos países mais minados do mundo.