O novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, empossado ontem pelo Presidente da República, é Umaro Sissoco, um general das Forças Armadas na reserva de 44 anos, e vai chefiar o 5º Governo de iniciativa presidencial desde o arranque da actual Legislatura, 2014.
Há anos sob a pressão de uma crise política que parece não ter fim, o nome de Sissoco foi a solução encontrada através de um acordo assinado na capital da Guiné-Conacri para procurar uma abertura para a normalidade democrática, envolvendo um Governo com todos os partidos parlamentares.
Este acordo, que foi conseguido com a mediação da da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), já foi duramente criticado pelo histórico Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde ((PAIGC), partido mais votado em 2014 mas que, devido a fricção com o Presidente José Mário Vaz, nunca teve pernas para andar no sentido da governação.
Para o PAIGC, a nomeação de Umaro Sissoco é "um indício claro" de que a Guiné caminha para "uma ditadura".
"O PAIGC convida a CEDEAO e toda a comunidade internacional a continuarem a acompanhar o povo guineense nesta luta pela defesa das conquistas democráticas e da liberdade, opondo-se frontalmente aos sinais evidentes de implantação da ditadura na Guiné-Bissau", acusa o partido histórico, a mesmo tempo que pede que Sissoco não seja aceite pela comunidade internacional.
E responsabiliza o Chefe de Estado por todas as consequências que advenham desta decisão, manifestando a sua "firme e inabalável determinação em continuar a luta pela afirmação do Estado de direito democrático".
Uma das razões para a oposição firme ao nome do oficial das FA da Guiné-Bissau na reserva é que não obteve o consenso acordado, porquanto em cima da mesa estavam três nomes e o Presidente Vaz escolheu o único que o PAIGC recusou, preferindo Augusto Olivais, um membro e dirigente do partido.
O PAIGC vai ainda mais longe, afirmando que o nome de Sissoco não obteve o consenso exigido pelo texto do acordo, pedindo mesmo à CEDEAO que revele o relatório da reunião de Conacri, acusando José Mário Vaz de ter rasgado esse mesmo documento para impor a sua vontade por cima dos restantes participantes.