O encontro do "Rasseblement", que agrega as principais forças da oposição na RDC e os históricos dirigentes que se opõem a Joseph Kabila, entre estes Etienne Tshisekedi, estava previsto para ontem, Sábado, mas, tal como já acontecera o mês passado, centenas de agentes da polícia, alguns fortemente armados, impediram quaisquer movimentações na capital congolesa.
Apesar dos permanentes apelos a que Tshisekedi ou mesmo Moise Katumbi, outro histórico "inimigo" de Kabila, adiram ao acordo de transição assinado, em Outubro, entre a Maioria Presidencial (MP), de Kabila e alguns pequenos partidos da oposição e ONG"s, o desalinhamento é, a cada dia que passa, mais notado, até porque permanece a exigência de o actual Chefe de Estado não integrar o elenco governativo de transição.
A polícia já tinha avisado que não iria permitir ajuntamentos políticos depois de a 19 de Setembro terem morrido dezenas de pessoas em confrontos nas ruas de Kinshasa pelos mesmos motivos. E cumpriu.
Mas, desta feita, os encontros desalinhados estavam também previstos para Lubumbashi, onde a resposta policial foi, segundo a Okapi, semelhante.
Em Kinshasa, segundo relatos da imprensa congolesa, milhares de polícias foram colocados junto ao Estádio dos Mártires, onde estava previsto ter lgar o encontro da oposição, e nas imediações da casa de Tshisekedi, o que impediu quaisquer movimentos da oposição.
Esta permanente situação de desafio da oposição a Kabila não foi atenuada pela nomeação de um primeiro-ministro, Augustin Matata Ponyo, que foi um "compagnon de route" de Tshisekedi, para gerir o executivo até à realização das eleições legislativas e presidenciais em Abril, 29, de 2018, quase dois anos para lá do fim do mandato constitucional de Joseph Kabia, que termina em Dezembro.
Neste quadro, as presidenciais deveriam ter lugar ainda neste mês de Novembro, mas o processo foi atrasado sob a justificação de que não foi possível, por fala de dinheiro, realizar a actualização do registo eleitoral atempadamente.
Até agora, a norma tem sido o apoio dos países e das organizações africana e pan-africanas ao acordo político de transição, com a Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), presidida pelo Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, na linha da frente, mas também da SADC e da União Africana.
Conta, estão os países europeus, como a França, Reiino Unido e a antiga potência colonial, Bélgica, bem como os EUA, que dizem ser possível realizar eleições ainda em 2017, apontando essa a alternativa ao perigoso escorregar do país para uma situação de violência, que pode ser extremada... como, alias, já aconteceu no passado recente.
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