A transformação política em Angola, com a primeira mudança de Presidente da República dos últimos 38 anos, ainda vai tardar a reflectir-se nos riscos a que estão expostos os que efectuam transacções comerciais no país, realizam investimentos directos, gerem uma cadeia de distribuição ou possuem activos móveis, como máquinas, indica a AON International.

Apesar de reconhecer que as eleições gerais de 23 de Agosto reduziram o nível de violência política, a multinacional destaca que os riscos económicos aumentaram devido à diminuição das receitas petrolíferas, trajectória iniciada em 2014.

"Para já, o mercado quer antecipar tendências, e o que pensa sobre Angola é que continua a ser obviamente um país dependente do petróleo; o Governo tenta investir para desalavancar esse sector, adoptando incentivos fiscais para que empresas de sectores diferenciados comecem a investir mais, mas o problema é que estas políticas demoram muito tempo a dar resultado", diz à Lusa o director do departamento da AON Financial Solutions para Portugal, Pedro Pinheiro.

O responsável nota que "os problemas de há um ano continuam a ser exactamente os mesmos, como a dependência do petróleo, a falta de infra-estruturas, a depreciação da moeda nacional, as lacunas na regulação, a corrupção e a falta de mão-de-obra qualificada".

Neste quadro, Pedro Pinheiro adianta que o risco político de Angola é Severom não havendo nenhum indicador que permite dizer que as coisas vão melhorar no curto prazo.

O português assinala ainda que "os privados não estão a dar o suporte necessário para que o risco possa ser transferido para o mercado, sobretudo no que concerne ao risco de transferência de divisas", que aponta como "o mais premente e o mais sentido pelas empresas", ao qual as seguradoras não conseguem dar resposta.

"Angola ainda sofre de instabilidade política e violência esporádica e os riscos regulatórios e legais continuam muito altos devido à corrupção, nepotismo, burocracia e uma falta generalizada de mão-de-obra qualificada", lê-se no Mapa Anual de Risco Político publicado pela AON.

Segundo o relatório, o ambiente empresarial angolano continua a ser "extremamente desafiante", verificando-se um risco "muito alto" de interferência política na economia "por causa da má qualidade da governação e da fraca regulação".