Os protestos ganharam dimensão nacional depois de ser conhecida a proposta do Governo queniano que continha, entre as que mais fúria popular provocaram, um aumento de 16% sobre o preço do pão e ainda uma taxa suplementar de 2,5% sobre seguros automóveis.
E na terça-feira, face ao ajuntamento de milhares de pessoas nas ruas de Nairobi, a polícia reagiu com força, detendo mais de duas centenas de pessoas, sem conseguir travar os protestos que ameaçam agora continuar, apesar da travagem a fundo feita pelo Governo nas suas propostas.
Os manifestantes ameaçam continuar a protestar, estando agora a ser preparado uma acção junto ao Parlamento, onde milhares dizem que se vão sentar no chão até conseguirem o seu objectivo, que é ver as propostas totalmente anuladas.
Com efeito, apesar de alguns pontos terem sido alterados, como no caso da nova taxa sobre o pão, a que mais fúria provocou, o Presidente Ruto disse, antes dos protestos, que esta iniciativa era fundamental para consolidar as contas públicas e permitir ao país ser auto-sustentável.
Em causa estão, essencialmente, a taxa sobre o pão, a que aumenta o valor do seguro automóvel a pagar e ainda uma nova taxa sobre produtos que danificam o ambiente, garantindo as organizações da sociedade civil por detrás das manifestações que ainda há caminho a fazer para acalmar as pessoas, já sufocadas por um custo de vida insuportável.
Citado pelas agências, o comandante da polícia de Nairobi, Adamson Bungei, garantiu que as manifestação não autorizadas vão ser reprimidas, sublinhando que não há razão para a lei não ser cumprida, visto que as manifestações, se não existirem preocupações com a segurança nacional, são, por norma, autorizadas.
Para já, espera-se que os ânimos diminuam porque depois de ma reunião de emergência entre os dirigentes do partido no Governo e o Presidente William Ruto, já na noite de terça-feira, 19, as propostas mais incandescentes foram anuladas ou fortemente reformuladas.
E a que mais preocupações gerava, a de um aumento de 16% no preço do pão, foi mesmo anulada por completo.
No entanto, de acordo com o Presidente Ruto, o Quénia terá de alterar profundamente a sua estratégia, porque já não é sustentável que o país não viva com os seus meios próprios e não com sucessivos endividamentos, que são uma das razões para agrave crise que assola o Quénia.
Este país da África Oriental atravessa uma severa crise económica, que se mantém deste a pandemia e à qual não está a conseguir dar resposta, com desemprego em níveis historicamente altos, uma inflação descontrolada e um insipido combate à corrupção, com prolongadas secas e inundações gigantes a dar um quadro ainda mais sombrio ao futuro daquele que é uma dos países economicamente mais robustos do continente.