Este é o derradeiro momento para o Presidente Joe Biden e a sua Administração deixarem o poder, a 20 de Janeiro, data da posse de Donald Trump, com um legado de sucesso na procura da paz no Médio Oriente... e o anúncio de Amos Hochstein pode ser essa oportunidade.

Há, porém, um problema: O enviado especial de Biden para o Líbano e Israel não recebeu ainda a confirmação do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyhau, de que está disponível sequer para conversar sobre a sua proposta já aceite pelo Hezbollah e Beirute.

O sul do Líbano está a ser alvo de uma invasão terrestre israelita há cerca de mês e meio para desalojar as forças militarizadas do Hezbollah, que decorre com devastadores ataques aéreos à capital do país, Beirute, onde o movimento xiita possui grande parte das suas sedes e organizações.

Nesta invasão e sucessão de bombardeamentos no Líbano, que é parte substantiva da invasão de Gaza iniciada em Outubro de 2023, após o assalto do Hamas ao sul de Israel, já morreram milhares de pessoas (ver links em baixo), sendo que entre as vítimas estão 200 crianças mortas e mais de mil ficaram feridas.

Se Netanyhau aceitar as condições de Amos J. Hochstein, esta nova frente de guerra que envolve as forças de defesa de Israel (IDF) e os combatentes do Hezbollah, o conflito poderá observar tréguas imediatas.

No entanto, para Netanyhau um cessar-fogo no Líbano, ou mesmo em Gaza, está fora da sua grelha de acção porque isso lhe iria provocar convulsões internas no seu Governo de extremistas que exigem a continuação do conflito até à derrota do Hamas e do Hezbollah.

Ao mesmo tempo, uma interrupção nas hostilidades, levaria a que a oposição interna ganhasse força novamente, o que seria um problema para um homem que antes de 07 de Outubro de 2023 tinha sobre si um pesado fardo judicial enquanto réu em processos de corrupção e branqueamento de capitais

Além disso, o primeiro-ministro israelita sabe que, após a cessação das suas guerras, terá de responder às suspeitas severas de conluios perigosos entre o seu Governo e as intelligentsia israelita para permitir o ataque do Hamas de 07 de Outubro de forma a obter uma justificação para as actuais guerras que lhe garantem a continuidade no poder.

A aparente opção de Netanyhau de ignorar a oferta de Joe Biden apresentada por Amos Hochstein não é apenas para salvaguardar os seus interesses pessoais, é igualmente do interesse do Presidente-eleito dos EUA, Donald Trump, que quer ser ele a garantir a paz no Médio Oriente.

Isto, porque Trump tem um método diferente de alcançar a paz, que é apoiar ainda com mais empenho Telavive contra o Irão e os seus aliados na região, como o Hezbollah ou os Houthis do Iémen, procurando sair desse cenário como o "peacemaker" de serviço na Casa Branca.

Alias, há analistas que defendem que Trump vai querer acabar com as guerras no Médio Oriente e na Ucrânia de forma a ser o próximo "natural" Prémio Nobel da Paz.