Os Estados Unidos, pela voz do seu Presidente, Joe Biden, querem empenhadamente conseguir um acordo entre a resistência palestiniana e o Governo de Benjamin Netanyhau até 20 de Janeiro, dia em que o novo Presidente Donald Trump assume o cargo.
Segundo fonte do Hamas citada pela Al Jazeera, o acordo estáa ser ultimado nos seus mais ínfimos pormenores e deverá ser anunciado nas próximas horas, sendo que também os norte-americanos têm feito declarações promissoras nesse sentido.
Apesar de as partes estarem a admitir publicamente que os progressos se somam à medida que as horas passam de forma a acabar, pelo menos por um período prolongado, com a selvajaria em Gaza que já dura desde 07 de Outubro de 2023, aquando do assalto do Hamas ao sul de Israel, no terreno, as populações, segundo a televisão do Catar, mostram-se reticentes.
Segundo os repórteres da Al Jazeera no terreno, "percebe-se um misto de optimismo e uma sensação profunda de pessimismo" entre a população do território que já passou por outros momentos semelhantes de acordos que acabaram por durar pouco o não se concretizarem.
De acordo com as várias fontes citadas pelos media internacionais a partir dos núcleos que conduzem as negociações, incluindo o Catar, os EUA e o Egipto, este acordo mostra-se mais sólido que os anteriores pelo grau elevado de compromisso assumido de um e outro lado.
Assim, ainda segundo as mesmas fontes, trata-se de um acordo que se vai desenrolar em três etapas, com a libertação de 33 reféns israelitas, dos mais de 200 que foram feitos a 07 de Outubro de 2023, muitos dos quais já morreram, e Israel libertará 50 depois palestinianos presos nas cadeias israelitas por cada mulher que o Hamas tenha na condição de cativa e 30 por cada um dos restantes que restarem.
A par desta libertação de cativos de um e do outro lado, as forças de defesa de Israel (IDF) deverão abandonar o conhecido Corredor de Filadélfia, uma faixa de terreno com pouco mais de 100 m de largura por 14 kms de extensão junto à fronteira de Gaza com o Egipto, mas apenas no final da primeira fase do acordo que está a ser delineado.
A segunda fase do acordo que dever pôr termo a uma das mais devastadoras ocupações de Israel na Palestina, que já fez mais de 45 mil mortos, na maioria crianças e mulheres, destruiu 70% dos edifícios em Gaza e criou uma crise humanitária de proporções raramente vistas, deve passar por encontrar formas de libertar os soldados israelitas detidos elo Hamas.
A terceira fase é claramente a mais importante e incide no desenho de um futuro "governo" de Gaza e a reconstrução do território que está totalmente arrasado depois de quase ano e meio de persistentes bombardeamentos aéreos e através de peças de artilharia terrestres e no mar de todos os recantos da Faixa de Gaza.
Actualmente, Gaza, território com apenas 365 kms2, onde vivem em condições degradantes mais de 2 milhões de pessoas, não tem qualquer equipamento público, incluindo hospitais e escolas sem severos danos, com apenas duas dos 36 unidades de saúde a funcionar parcialmente, enquanto a fome, a doença e o frio matam já, segundo a ONU e várias organizações internacionais, mais que a própria guerra.
Alguns analistas notam que a disponibilidade de Israel negociar agora um cessar-fogo abrangente resulta da pressão norte-americana nesse sentido e depois de o Presidente-eleito Donald Trump ter mostrado fortes reticências a um ataque israelita ao Irão para o qual contava com o seu apoio ilimitado.
Além disso, Israel, no seguimento do colapso do regime de Bashar al-Assad na Síria, enviou milhares de militares para ocupar o que restava dos Montes Golan, esticando em excesso as suas capacidades, visto o empenho das IDF já em Gaza, na Cisjordânia e ainda no sul do Líbano, onde a tensão com o Hezbollah se mantém.
A par disso, depois da boa notícia para Telavive de que o Irão tinha deixado de ter como fornecer apoio material e logístico ao Hezbollah após a queda de Assad na Síria, agora, segundo várias fontes, esse apoio começa a voltar a fluir pelas áreas ocupadas pela Turquia naquela país.
A até há bem pouco tempo anormal "aliança" de interesses entre turcos e iranianos começa a erguer-se porque a Turquia do Presidente Recep Erdogan e Israel são adversários claros no que toca aos interesses que ambos possuem na Síria, sndo países, actualmente, com estatuto de ocupantes de largas áreas daquele país.
E com um avolumar de sinais de que Telavive e Ancara começam a mostrar impaciência sobre a acção de um e outro na região, para Israel é importante recuperar a sua manobrabilidade militar, porque em caso de eventual conflito, os EUA, com quem os israelitas contam normalmente para obter apoio militar, teriam um problema sério em mãos porque a Turquia é um dos seus aliados na NATO e Telavive não possui esse estatuto.