Os resultados só deverão ser conhecidos a partir de sexta-feira, 29, mas o mais provável, segundo os media locais, é que os números preliminares da contagem só sejam divulgados pela Comissão Eleitoral da Namíbia (ECN, sigla em inglês) no fim-de-semana.
Certo e seguro é que estas foram, pela auscultação feita pelos media namibianos, as mais duras eleições para a SWAPO, o partido que gere o país desde 1990, ano em que se tornou independente do regime sul-africano do apartheid.
Isso resulta do facto de a juventude, que é a esmagadora maioria da população, onde mais de 60% tem menos de 30 anos, ao contrário de eleições anteriores, não se ter poupado a manifestações de descontentamento com o pesadelo do desemprego e do elevado custo de vida.
Ainda assim, a candidata da SWAPO, a vice-Presidente actual Netumbo Nandi-Ndaitwah, é apontada como favorita, pelo menos na primeira volta, para suceder ao recentemente falecido Presidente Hage Geingob, podendo ser a primeira mulher a ocupar o cargo, mas já no que respeita ao Parlamento, o histórico partido pode vir a sofrer um sério revés.
Uma demonstração de que o descontentamento é grande na sociedade namibiana foram as longas filas de eleitores que se formaram em todo o país e, nalgumas regiões, a ECN foi obrigada a admitir que as urnas só fechassem muito depois da hora marcada para o encerramento da votação, as 21:00 locais.
O elevado número de eleitores levou mesmo ao surgimento de rumores de que faltaram boletins de voto em várias mesas, embora a Comissão tenha desmentido tal cenário, porque foram impressos 1,6 milhões de boletins para cerca de 1,4 milhões de eleitores inscritos.
Há ainda um dado novo no contexto da África Austral que pode ter impelido os eleitores namibianos para uma mudança, que foi a vitória da oposição no Botsuana, acabando com décadas de poder, desde a independência, em 1966, do histórico BPD, da exígua vitória do ANC na África do Sul e dos hipercontestados resultados em Moçambique, onde a FRELIMO está a ser acusada de agravada fraude, inclusive por organismos internacionais de observação, como a insuspeita CPLP.