A nota do MIREX foi emitida depois de ser conhecer (ver aqui) o reatar das hostilidades pelo M23 que, além de ter, no passado fim-de-semana, provocado dezenas de feridos em combate entre as forças leais a Kinshasa, ocupou pelas armas a localidade de Kalembe.
A diplomacia angolana, que tem tido um papel decisivo na estabilização do leste congolês, nota que Luanda "tomou conhecimento, com preocupação, da ocupação" destes desenvolvimentos que representam "uma violação flagrante" do cessar-fogo.
É uma "uma violação flagrante" do cessar-fogo acordado que entrou em vigor a 04 de Agosto de 2024 e, por isso, Angola "repudia e condena vigorosamente este acto hostil, que coloca em risco os esforços em curso para a procura de uma solução duradoura ao conflito no leste da RDC".
O que leva o MIREX a pedir às partes em conflito que" respeitarem o cessar-Fogo, evitando actos hostis que conduzam a uma escalada do conflito, agudizando a grave situação humanitária" no leste da RDC.
O MIREX reafirma ainda o empenho de Angola na procura de uma solução pacífica, no âmbito do denominado processo de Luanda, que foi montado pelo Presidente João Lourenço, para a situação no leste congolês. (ver links em baixo)
Foi este Domingo, 20, que o M23 retomou a sua ofensiva sobre territórios dominados pelas forças de Kinshasa, coincidindo com o período de tréguas acordado por intermediação do Presidente João Lourenço.
Segundo relatos das agências, que citam residentes na província do Kivu Norte, os combates recomeçaram e provocaram dezenas de feridos, pelo menos, além de que os guerrilheiros aliados do Ruanda, e de origem ruandesa, conquistaram a vila de Kalembe.
O acordo com conseguido em Agosto deste ano através de negociações intermediadas por Luanda que envolveram o M23 e as forças armadas congolesas, embora, por detrás, tenha havido conversas entre os Presidentes de Angola, do Ruanda, Paul Kagame, e da RDC, Félix Tshisekedi.
Ainda há alguns dias a Presidência angolana anunciava na sua página oficial que João Lourenço tinha mantido conversas telefónicas com Kagame e com Tshisekedi, embora sem revelar o conteúdo destas, mas que, provavelmente, andaram em torno do fim do prazo do cessar-fogo.
Sabe-se, no entanto, que este confronto no leste da RDC, que vem de 2021, quando o M23 reemergiu das sombras depois de uma década adormecido vai voltar a ser discutido por iniciativa de João Lourenço que tem entre as suas prioridades evitar a deflagração de uma guerra entre a RDC e o Ruanda que iria desestabilizar toda região dos Grandes Lagos.