A tecnologia hipersónica, que pode permitir velocidades acima dos 10 mil kms/h, aplicada aos misseis é recente e apenas alguns países, Rússia, China e Irão, a possuem, estando os EUA oficialmente a desenvolver ainda o seu próprio sistema hipersónico, sendo que os rebeldes iemenitas só podem ter recebido estes sofisticados sistemas do Irão, que, por sua vez, a absorveu do aliado estratégico que é a Rússia.
Este ataque dos Houthis a Israel com um míssil com estas características está a ser visto por vários analistas, como o major-general Agostinho Costa, como um recado de Moscovo aos países ocidentais, EUA, França e Reino Unido, que estão a preparar uma autorização ousada para KIev usar os seus misseis de longo alcance contra alvos em profundidade na Rússia.
Isto, porque o Presidente russo, Vladimir Putin, avisou Washington, Paris e Londres que se essa autorização fosse dada, o que ainda não aconteceu, a Rússia iria disponibilizar os seus misseis para países e organizações inimigas dos países ocidentais, o que inclui os Houthis, mas também as milícias xiitas no Iraque e na Síria, entre outros.
Se tal passo for efectivamente dado por Moscovo, um grande número de bases militares norte-americanas, francesas e britânicas estarão à mercê destes misseis cuja tenologia hipersónica os torna praticamente imparáveis pelos sistemas de defesa actuais existentes nos arsenais ocidentais.
E tudo, porque estes países estiveram, na última semana, a alimentar os media ocidentais com notícias de que os norte-americanos ATACCMS, misseis balísticos com alcance de até 550 kms, e os britânicos e franceses Storm Shadow e Scalp - G, semelhantes, apenas com nomes distintos, que podem atingir alvos a mais de 300 kms, iriam ser usados pelos ucranianos para atacar alvos em profundidade na Federação Russa pela Ucrânia.
O que levou Vladimir Putin a avisar, nos media russos, que tal conduziria a uma situação de guerra entre a NATO e a Rússia, porque estes sistemas só podem ser usados na Ucrânia com acompanhamento técnico dos países que os forneceram, e ainda com dados obtidos pelos sistemas de satélites europeus e norte-americanos.
E a disponibilização desta tecnologia aos Houthis pelo Irão, é claramente um recado de Moscovo aos seus adversários ocidentais, porque se nem o famoso sistema antiaéreo Iron Domme israelita conseguiu abater este projéctil, as bases aéreas ocidentais no Médio Oriente estariam permeáveis a ataques devastadores sucessivos, o mesmo acontecendo com as frotas de porta-aviões que os EUA enviaram para o Mediterrâneo Oriental para apoiar Israel numa iminente guerra com o Irão e o Hezbollah.
Não há uma evidência de relação entre esta demonstração de qual poderá ser a resposta russa à autorização pelos países da NATO para o uso de misseis de longo alcance na Federação Russa, mas, depois de alguns media, como The Guardian ou The New York Times, terem dado como certo esse arriscado passo, novas notícias vieram criar outro cenário, em que tal decisão estaria dependente de novas análises por parte dos norte-americanos.
Para justificar este passo atrás, mesmo que tudo possa não ter sido mais que uma tentativa de experimentar os limites do Kremlin - se foi, a resposta parece evidente que a paciência estará a chegar ao fim -, os media ocidentais apontam para o encontro em breve entre os Presidentes dos EUA, Joe Biden, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Nesse encontro, previsto para as próximas horas em Washington, Zelensky irá apresentar a Biden o seu já famoso mas desconhecido "plano de vitória", que será um mapa de acção p+ara derrotar em definitivo os russos.
Apesar de não ser conhecido, os analistas mais conhecedores das possibilidades, face à actual superioridade russa na frente de batalha e o iminente colapso das forças de Kiev, entendem que o plano para a vitória de Zelensky compreende o envolvimento da NATO na guerra.
Tal envolvimento, que seria o princípio da III Guerra Mundial, que rapidamente evoluiria para uma catástrofe nuclear global, começaria pelo uso dos misseis ocidentais na profundidade do território russo, depois o envio de forças de países da NATO para a Ucrânia, como o Presidente francês, Emmanuel Macron chegou a admitir, e, por fim, o combate directo entre forças de Moscovo e dos EUA.
Se este "recado" do Kremlin foi suficiente para interromper a escalada ocidental no conflito ucraniano, ver-se-á nos próximos dias, depois de Zelensky voltar a Washington, para aquela que será, seguramente, a última visita aos EUA com Joe Biden na Casa Branca.
Entretanto, no Médio Oriente, o míssil que os Houthis (uma organização apoiada e controlada pelo Irão, tal como o Hezbollah, no Líbano) dispararam sobre Israel, levou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyhau, a ameaçar directamente o grupo iemenita com a força retaliatória de Telavive.
Mas, segundo alguns media, incluindo israelitas, esta demonstração de força, porque se os Hothis dispõem destes sistemas hipersónicos, o Hezbollah, igualmente proxy do Irão, ainda mais disporão, estará a atrasar a decisão que parecia estar iminente de Israel lançar uma ofensiva de grandes proporções sobre o sul do Líbano, para destruir o grupo xiita.
O Hezbollah que aproveitou este ataque dos Houthis, nunca visto, com um míssil a deslocar-se mais de 2.000 kms, a elogiar o feito e a dizer que este tinha exposto a fragilidade de Israel, cuja fama mundial do seu sofisticado sistema de defesa antiaérea ficou claramente abalada.
Como já tinha ficado aquando do ataque do Irão em Abril, como retaliação pelo ataque israelita ao seu consulado na Síria, com vários misseis hipersónicos iranianos a trespassarem esta barreira nos céus israelitas e que era até então considerada inexpugnável.
Alguns analistas notam que com este ataque, potencialmente sincronizado entre Moscovo, Teerão e os Houthis, tanto Washington como Telavive terão recebido a mensagem e esta é clara... a tecnologia hipersónica russa chegará às mãos dos adversários de norte-americanos e israelitas, o que mudará totalmente o jogo em todo o mundo, mas com especial destaque no Médio Oriente e Ásia Central.