Fez notar a propósito o declínio da autoridade da ONU no que respeita à sua própria Carta e ao Direito Internacional, com crises múltiplas resultantes não apenas de conflitos de toda a natureza, mas também das mudanças climáticas e da insegurança em que se vive, tudo a exigir reformas profundas nas instituições internacionais.
De facto, no actual quadro mundial, que não é mais bipolar, as instituições internacionais têm de saber responder ao novo mundo em gestação perante o crescente e óbvio descrédito de que gozam, agravando a incerteza e o desnorte.
Por isso o Presidente João Lourenço concluiu em defesa da causa que expôs apelando ao reconhecimento do papel que no actual quadro tem Angola como país mediador de conflitos e o contributo que África pode e deve dar nas soluções globais.
Acrescentou ainda que é preciso agir mais do que discursar.
A propósito da necessidade de ação no meu último artigo para o " Novo Jornal "a que dei o título de "A Agenda 2063 e a Reforma da União Africana" fiz notar que, mercê de razões exógeneas ao continente Africano, mas também endógenias imputáveis a África, não parecia de todo crivel que em 2063 se alcançassem os objetivos deliberados em 2013 assumindo-África se como uma "potência global".
Daí a necessidade da União Africana não dever deixar de revisitar os objetivos da "Agenda 2063" concedendo-lhe novas e realistas soluções, obrigatoriamente articuladas e exequíveis, o que também implica a necessidade de reformas profundas na sua orgânica, à semelhança do que pacificamente se reclama para a ONU.
O facto do Presidente da Assembleia da União Africana ter mandato anual rotativo, entre os Presidentes ou Chefes de Governo dos 55 países africanos impossibilita de todo a construção de uma estratégia coerente como a "Agenda 2063" pretendeu ser ,tendo ficado confinada ao imediato e sem possibilidade de qualquer coordenação alargada e abrangente.
Imagine-se o que seria a ONU se tivesse também um mandato anual rotativo do cargo de Secretário Geral.
A isto acresce que embora o outro órgão da União Africana ",a comissão, " tenha um mandato de quatro anos renováveis por uma só vez, as funções que lhe estão confiadas são na verdade de mera gestão nos domínios operacional e administrativo, logo sem autoridade política.
Há que ter além do mais ter em conta que o desenvolvimento dos países africanos é muito desigual, a média de crescimento económico é baixa e alguns deles estão mesmo em recessão.
No que a Angola respeita por exemplo, apesar das múltiplas riquezas que o país tem há a particularidade da taxa de crescimento demográfico ao ano ser muito elevada, de 3%, uma das mais elevadas dos países africanos e com crescimento económico médio inferior ao demográfico e que importa muito inverter.
Sabendo-se que as principais receitas de Angola continuam a ser as resultantes do petróleo , há que reforçar políticas públicas que respondam de facto à diversificação da economia, numa lógica de autossustentabilidade assente no setor primário da economia para que o país possa também neste domínio ser um exemplo impulsionador das reformas a empreender no continente africano e na União, Africana em particular
No mais, o acerto das declarações do Presidente João Lourenço na alocução que produziu no plenário da ONU nas proximidades do termo do seu mandato na União Africana como Presidente da Assembleia desta, justifica que procure deixar uma marca para a reforma orgânica da União Africana em benefício do futuro do continente africano e dos seus povos.

È que, como referiu estão em causa reformas necessárias nas instituições internacionais a que a UNIÃO AFRICANA não é exceção.