Fundada em 1997, a AIDA tem, entretanto, raízes bem mais profundas. Tudo começou em Agosto de 1981, por ocasião dos II Jogos da África Central, o maior evento alguma vez realizado no País. Pouco antes do início da festa que em muito contribuiu para a afirmação de Angola no concerto das nações desportivas africanas, os jornalistas de toda a região destacados para a cobertura do evento reuniram-se e proclamaram a União dos Jornalistas Desportivos da África Central (UJSAC). À época, a União dos Jornalistas Desportivos Africanos (UJSA) estava na berra, com sede em Kinshasa e sob direcção do zairense Tshimpumpu Wa Tchimpumpu, que mais tarde iria ser ministro da Juventude e Desportos do seu país.
Naquela ocasião, impulsionados por um grande conhecedor da África desportiva, nas circunstâncias Joseph Mputo Ndongala, profissionais angolanos decidiram que não fazia sentido o País ser membro da UJSA sem ter uma Associação que congregasse jornalistas desportivos nacionais. O princípio da criação da entidade foi imediatamente aceite...
Num tempo em que o jornalismo desportivo angolano era "povoado" por figuras da dimensão de Rui de Carvalho, Francisco Simões, Gustavo Costa, Carlos Pereira, Victor Silva, Carlos Garcia e outros, era lógico esperar-se por uma associação pujante e cheia de realizações. Mas tal como a UJSAC não saiu do papel, a associação angolana acabou por sequer chegar ao papel. Ou seja, não foi proclamada. Diferentes razões estiveram na base da falha, numa altura em que o País havia perdido a cultura de associativismo, devido à sobreposição de valores políticos.
Pouco depois da abortada tentativa de criação da associação de profissionais de jornalismo desportivo, em 1982, nasceu a União dos Jornalistas Angolanos (UJA). E mais tarde, em 1993, surgiu o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), organizações às quais se juntaram, naturalmente, jornalistas desportivos.
Mas o espírito dos Jogos da África Central continuava vivo, até porque vários jornalistas angolanos voltaram a reunir-se na III edição dos certames em Brazzaville"87. Entretanto, uma nova geração havia adentrado o jornalismo desportivo nacional, ao passo que a miudagem de 1981 ganhava espaço e "barba rija" para os desafios que se avizinhavam, sobrelevando-se entre estes a criação de uma associação sócio-profissional da classe. Falava-se, então, na criação de um Clube de Imprensa Desportiva, à semelhança do que existia em Portugal.
Os diferentes players do sistema desportivo nacional também entraram no jogo. Uma dessas entidades foi o Comité Olímpico Angolano (COA), com o presidente Rogério Silva e o secretário-geral Gustavo da Conceição a incentivarem a classe a organizar-se definitivamente numa associação. O objectivo era principalmente a salvaguarda dos interesses dos profissionais angolanos em coberturas internacionais de monta, tais como Jogos Olímpicos e Campeonatos do Mundo.
A oportunidade ofereceu-se em finais de 1996, quando a Luanda se deslocou uma figura de relevo do desporto português, para ministrar um curso de dirigismo desportivo em nome da Solidariedade Olímpica, a lunga manus do Comité Internacional Olímpico (CIO). O vulto era David Sequerra, que, além de conceituado treinador de futebol e dirigente desportivo, era jornalista desportivo. Gustavo Conceição estabeleceu a ponte e realizou-se um encontro com o velho escriba. Foi aí que tudo começou, seguindo-se a constituição da comissão instaladora e algumas reuniões, a mais importante das quais realizada a 10 de Dezembro de 1996 no auditório da Rádio Nacional de Angola para aprovação dos Estatutos.
Depois de o COA disponibilizar o respectivo logradouro para que a futura associação o partilhasse, no1.º de Fevereiro de 1997, em assembleia-geral realizada no auditório da Rádio Nacional de Angola, foi proclamada a AIDA e tomaram posse os seus primeiros órgãos sociais. Na ocasião, a acta constitutiva foi assinada por pelo menos duas dezenas de figuras, destacando-se, entre estas, António Ferreira "Aleluia", Arlindo Macedo, Graça Campos, Tito Gourgel, Morais Canâmua, Policarpo da Rosa, Mário Rosa e Manuel Madureira, que foi eleito presidente.
Três meses depois a AIDA já era membro da Associação Internacional de Imprensa Desportiva (AIPS), tendo sido admitida no congresso de Oviedo, Espanha, onde esteve representada pelo presidente Manuel Madureira. Por razões pessoais, entretanto, o líder da AIDA emigrou para Portugal ainda em Novembro de 1997. Desse modo, houve vacatura do cargo, provido pelo "adjunto" António Ferreira, à luz dos Estatutos.
O impacto da criação da AIDA e o seu desempenho foram tais que em pouco tempo convocaram outros ramos do jornalismo para o mesmo caminho. Ou seja, a criação das respectivas associações. Economia, Cultura, Mulheres e repórteres de imagem seguiram o exemplo. Por década e meia a AIDA ergueu-se como uma das principais associações continentais, com quase uma centena de jornalistas inscritos na AIPS. Ao longo desse período realizou seminários internacionais e nacionais, assim como acções formativas diversas, tendo por parceiros a FIFA, COA, FAB, CIO e outras entidades desportivas relevantes. Tudo isso, sem um tostão de quota dos associados e com muito escasso patrocínio.
Afazeres profissionais afastaram muitos membros da Direcção para o exterior do País e durante largos anos o funcionamento da AIDA assentou num triunvirato composto pelo presidente António Ferreira, o "vice" Arlindo Macedo e o autor destas linhas, na qualidade de secretário-geral, a quem coube o desenho do logótipo da associação. Nessa caminhada foram importantes os núcleos regionais Sul (Huíla, Namibe e Cunene) e Litoral-Centro (Benguela, Huambo e Bié), liderados respectivamente por Morais Canâmua e Júlio Gaiano.
Mas não havia boa-vontade que superasse a ausência de recursos financeiros por incumprimento do pagamento de quotas por parte dos associados. Por isso mesmo, aliás, sequer havia como renovar mandatos, porque ninguém estava habilitado a votar. O triunvirato directivo, onde se destaca o presidente "Aleluia", estava exaurido e não mais podia desviar recursos pessoais para uma obra que deveria ser de todos.
Em consequência a AIDA definhou por quase meia década até que, em 2019, um grupo de jovens jornalistas decidiu estabelecer a ponte com a Direcção para a redinamização da associação, tarefa que foi muito bem-sucedida. Nessa altura, o presidente, que viria a falecer em Maio de 2020, já estava acometido por grave doença. Entre os "restauradores", uma palavra de apreço a Honorato Silva, Sílvio Capuepue, Paulo D"Angola e Ana Cristina, cujo empenho levou às "Orações de Sapiência" e às homenagens, culminando com o processo eleitoral de que resultou um novo elenco directivo em 2021. Bem-haja AIDA.