É mais do que evidente que, diante da nossa queda vertiginosa no ranking feminino da FIBA AFRICA, é preciso mudar algo, corrigir efectivamente as mazelas que têm afectado o nosso nível competitivo, sendo uma delas a necessidade de elevarmos o nível da competição interna, circunstância esta resultante de uma serie de factores. Parece-me que a opcção da Federação Angolana de Basquetebol (FAB) de alterar o modelo de disputa do Campeonato Nacional de Basquetebol, abandonando o sistema concentrado em cerca de 15 dias para um outro modelo muito mais alargado, espaçado em alguns meses de competição, foi a melhor das decisões e um indicador muito positivo.

Outro facto manifestamente positivo que este novo modelo competitivo veio introduzir, ainda que precise de ser potenciado, ou melhor explorado, é o exponencial aumento da exposição mediática das equipas, das atletas, dos treinadores e demais envolvidos, o que é, sem dúvidas, uma janela de oportunidade para o estabelecimento de parcerias comerciais com empresas e mesmo com instituições públicas, como as administrações municipais ou governos provinciais, tal como vemos em outros países em que as Câmaras Municipais ou Freguesias, por exemplo, se associam, com toda a naturalidade, aos grandes movimentos de massas, como é o desporto.

Não obstante as dificuldades vivenciadas pelos Clubes ao longo desta competição, inovadora praticamente para todos nós, sobretudo pelos desafios financeiros e de organização logística, a constatação quase unanime é que valeu a pena e que foi uma aposta ganha por parte da FAB e que, feitas as necessárias melhorias, é um modelo a ser mantido se quisermos ter mais e melhores atletas a curto e médio prazo. A minha expectativa é que o resultado que vier a ser alcançado circunstancialmente pela selecção nacional no próximo Afrobasket, a ser disputado já na Costa do Marfim, seja ele qual for, não influencie na decisão a ser tomada neste aspecto do modelo de competição, pois que, entendo que qualquer mudança que venha representar uma redução do número de jogos, do tempo de competição, das oportunidades de exposição dos agentes ligados ao basquetebol feminino poderá ser tudo menos uma boa decisão. n *Jurista e Presidente do Clube Escola Desportiva Formigas do Cazenga