Embora a situação possa ser excepcional, e que só ocorreu duas vezes, os candidatos perdedores no Colégio Eleitoral podem ter tido mais votos na votação popular.
Foi o que sucedeu nas eleições de 2016, em que a candidata do Partido Democrata, Hilary Clinton teve mais três milhões de votos que Donald Trump, que, porém, conseguiu 56,5% dos delegados ao Colégio Eleitoral, contra 42,2% de Hilary Clinton.
No dia 5 de Novembro os americanos irão também votar para o Senado, para a Câmara dos Representantes, bem como para os governos dos Estados.
Com as pedras, neste momento, já lançadas, o candidato a Presidente da República, Donald Trump, de 78 anos, nomeado pela Convenção Nacional Republicana em 15 de Julho, escolheu para candidato a Vice-Presidente J.D. Vance, senador pelo Estado Ohio, de 40 anos.
O Partido Democrata nomeou na sua Convenção, que teve início a 19 de Agosto, Kamala Harris, de 59 anos, nome sugerido por Joe Biden, em 21 de Julho, depois deste ter renunciado, tendo Kamala Harris escolhido para Vice-Presidente Tim Walz, de 60 anos, governador do Minesota.
À data da apresentação desta candidata, o actual Presidente Joe Biden foi muito criticado por Donald Trump, por o considerar significativamente envelhecido, afectando-o física e psicologicamente, factos que, pelo cansaço, o afectaram no único debate que ambos tiveram.
Na sequência desse debate, Joe Biden, também pressionado pelo seu Partido, acabaria por renunciar à candidatura.
A espontaneidade com que Kamala Harris se passou a dirigir ao eleitorado, apresentando-se com um sorriso cativador, uniu as hostes partidárias, meio caminho para o sucesso.
Não admira, por isso, que as actuais sondagens de Kamala Harris, até então favoráveis a Donald Trump, colocassem este candidato, em função da idade, numa posição semelhante à de Biden.
Donald Trump, não prevendo a desistência de Joe Biden, escolheu precipitadamente, para seu Vice-Presidente, um ultraconservador nacionalista, J.D. Vance, apesar de ter apenas 40 anos.
Sucede que, Kamala Harris ao nomear para seu Vice Tim Walz, teve a preocupação de seleccionar um governador de Estado com provas dadas de credibilidade no seu Estado, Minesota, pelas políticas sociais que aplicou, inclusive no domínio da igualdade de género.
Neste momento, em Estados fundamentais, as sondagens são favoráveis a Kamala Harris no Michigan, Carolina do Sul, Wisconsin e Arizona, encontrando-se com empate técnico na Geórgia e reduzindo de forma significativa a diferença existente na Flórida.
Não se pode deixar de considerar ainda que Trump, enquanto Presidente, retirou os EUA das negociações do Acordo de Paris, sobre as alterações climáticas, fez sair o seu país do Acordo Nuclear com o Irão, reconheceu Jerusalém como capital de Israel, fazendo acusações infundadas sobre a existência de uma fraude eleitoral na vitória de Joe Biden, dando lugar a duas resoluções sobre "impeachment" que só o Senado o isentou, inclusive no caso da invasão do Capitólio.
Um dia, um grande jogador do Sport Lisboa e Benfica declarou que "prognóstico só no fim do jogo", razão que me leva a obviamente não vaticinar o resultado do pleito eleitoral.
Sem prejuízo disso, as gritantes diferenças políticas já apresentadas fazem evidenciar, no sorriso de Kamala Harris, um futuro risonho, contrário a um futuro "esquisito", como qualificou o candidato à vice-presidente Tim Walz sobre Donald Trump.
Entre uma personalidade que sorri e outra "esquisita" e porque o mundo necessita que a esperança seja reposta, é positivo que seja o sorriso a vencer.
(Secretário-geral da UCCLA)