Os inconformados disseram que iriam a busca de uma banda para bungular, serem lavados com alguns mambos estranhos para ficarem mais tempo. Outros farão jejum, peregrinação, vigília, ofertas, sacrifícios, promessas e outras cenas para ver se alguma entidade supra humana ouve as suas súplicas e dê um jeito.
Mas nem todos estão desesperados, alguns, como o ManTonas, ManGomito, ManFernas, ManDinas, Mana Mizé Mana Ceza, como são carinhosamente chamadas, ou ainda por tios/tias, estão pausados, satisfeitos por conseguirem chegar ao fim do ciclo laboral com saúde mental e física. Principalmente por sentirem que cumpriram a missão, deram o melhor, superaram as expectativas e metas, formaram vários colegas que hoje dão o litro dentro e fora da banda, deixam legados imensuráveis.
Há décadas que preparam a aposentadoria. Criaram condições para a vida extra laboral.
ManTonas e Mana Mizé vão aproveitar, parte das poupanças, as valências de ambos e as oportunidades que identificaram no mercado para fazer negócio e terem mais algumas actividades.
ManGomito será turista, quer conhecer o país em que vive e vários outras bandas, e quer aprender novas línguas.
ManDinas quer gozar a vida com a sua garina. Os filhos já são adultos, têm as suas respectivas famílias, empregos ou negócios, estão bem encaminhados.
ManFernas Para além da pensão da segurança social, inscreveu-se há anos em mais dois fundos de pensões, apostou em títulos do Estado e investiu em mais algumas cenas que possibilitam ter várias fontes de renda, mesmo na reforma. Ainda se gaba que estará bem melhor, terá o seu próprio horário, prestará contas a si mesmo, vai faturar mais do que quando bumbava, vidas largas!
Mana Ceza quer dar aulas, passar o conhecimento adquirido para outros.
Mas como sempre, ManQuem e outros colegas continuavam a teimar a ver se conseguissem a extensão do contrato ou um novo contrato de prestação de serviço, consultoria ou algo do género, porque dizem que não há ninguém na instituição que os possa substituir, não sabem fazer o que eles fazem, porque durante anos, não aceitaram ensinar as tarefas da área, fecharam-se com medo de concorrência e de serem substituídos ou exonerados, tanto que agora estão aflitos e deixam a instituição com as calças furadas nas mãos.
Os bossangas da instituição estão tontos e divididos, porque um grupo, ligado ao ManQuem, ponta de lança, bajulador e queixinha mor, defende que podem ficar mais algum tempo para que possam preparar bem a saída, visto que são responsáveis. Já o outro grupo defende o contrário, que devem sair na data prevista e que os responsáveis de Pessoal e das áreas afins falharam por permitir que durante anos trabalhassem sem passar o conhecimento aos mais novos, e por não haver formação continua aos quadros antigos ou recém admitidos.
ManQuem está doente. Não consegue andar. Só treme e lamenta que nem kudurista, pelas perdas das benesses que os chefes têm. Jeeps novos todos os anos, subsídios de combustível, de telecomunicação, de alimentação, de chefia, de representação, de gás, de luz, de água, de tchilo, de atavio, de disponibilidade, de stress, de inflação. O cartão de compras que era carregado quinzenalmente com valor do salário base, as inúmeras viagens (em serviço, saúde ou lazer), em executiva, por ano pagas pela instituição, a casa no condomínio, a tv por satélite/internet paga pela empresa, as bolsas de estudo para quem ele quisesse, tem direito a segurança, motorista, empregada, cozinheira e até animal de estimação!
Tinha um salário a rondar os 5 mil usd/mês pagos na banda e 2.500 pagos na estranja, onde também recebeu uma casa e um carro, fora outras cenas.
Na reforma receberá "apenas" 500 usd/mês, o máximo pago na banda em que vive. Não aderiu a um fundo de pensões, desviou o dinheiro dos descontos à segurança social, num cambalacho que tinha com alguém da área de Pessoal, nunca foi responsabilizado, tinha costas largas e quentes... agora lamenta, tem bué de filhos a cobrarem assistência, várias damas, não poupou nem investiu, bué de kilapes, makas de saúde, tem mais de 75 anos, está a se ver de azar, como dizem.
Enquanto uns assobiam e celebram, outros choram e tentam travar o inevitável. Conseguirão? Saber ler os sinais, sair pelos próprios pés na hora certa é fulcral para encerrar bem e em grande um ciclo.