Todavia, não foi nenhum destes motivos que provocou atrasos no início do censo da população e habitação. Foi outro tipo de latência que o censo populacional, essa maratona de contagem humana que deve ocorrer a cada década, que causou atrasos. Depois de adiamentos e envolto ainda em dificuldades organizativas começou esta aventura que combina a astúcia de um detective na busca dos potenciais recenseados com a paciência de um monge para captar as respostas dos mais variados cidadãos.

O desafio de contar pessoas em movimento e com várias privações será encarado por um exército de recenseadores armados com tablets que se esperam que sejam rápidos e sem a latência que motivou os atrasos nesta gigantesca operação. A sua tarefa não será fácil, tentando contar as pessoas que estão sempre em movimento, como se estivessem a tentar contar peixes num rio caudaloso.

Será importante que tanto a tecnologia de ponta como as questões mais básicas funcionem para o sucesso desta contagem demográfica e habitacional. É tão importante ter um equipamento tecnológico que seja eficiente e rápido para que no registo simples de «sim» ou «não» não seja preciso ter a paciência de Jó. Do mesmo modo, é crucial que haja segurança, alimentação e cooperação nas actividades de recolha de dados.

Os desafios serão enormes. Há a chuva, essa força da natureza que decide exactamente quando interromper a administração de um questionário, ou simplesmente transformar caminhos de zonas mais recônditas em rios. Há também a questão da transição para uma Angola com uma malha censitária de 21 províncias e o dobro de municípios. O importante será contar todos pois, sim, juntos contamos por Angola.