Especialistas em analisar os riscos que as empresas e os países enfrentam nos mercados emergentes e fronteiriços - exceptuando os estados da OCDE -, os analistas da AON concluíram que o risco no país mantém-se alto em 2017.
"Isto acontece porque a petróleo-dependente economia de Angola vai, quase com toda a certeza, continuar a ser afectada pelos baixos preços do petróleo, tornando mais difícil ao Governo manter a estabilidade política e as redes de apoio financeiro", indica o estudo da AON, que divulgou hoje os mapas de risco terrorista e de instabilidade política em todo o mundo.
O primeiro - Mapa de Terrorismo e Violência Política - é elaborado desde 2007, em parceria com The Risk Advisory Group, e classifica como "baixo" o risco do país, enquanto o outro - Mapa de Risco Político -, resulta do trabalho conjunto com a Roubini Global Economics e destaca vários sinais de alto risco em Angola.
"O país enfrenta uma transferência de poder este ano, depois de o Presidente, no cargo há quase 38 anos, ter anunciado em finais de 2016 que não irá candidatar-se às eleições de agosto. A oposição vai, provavelmente, realizar manifestações por altura das eleições, e a Polícia vai, quase com toda a certeza, responder com força, pelo que o país mantém o perigo de agitação civil", indicam os comentários que acompanham o mapa sobre Angola, análise divulgada pela agência Lusa.
Embora assinale que as últimas eleições, de 2012, reduziram o risco de violência política em Angola, a seguradora aponta que "os riscos económicos aumentaram devido à redução das receitas do petróleo".
Por isso, prossegue a AON, "Angola ainda sofre de instabilidade política e violência ocasional", da mesma forma que os riscos "regulatórios e legais" se mantêm "muito altos devido à corrupção, nepotismo, burocracia e uma falta generalizada de mão-de-obra especializada".
Esta realidade "torna o ambiente de negócios extremamente difícil", conclui a análise, acrescentando que a "fraca qualidade da governação e má qualidade regulatória" também conserva elevado o riscos de "interferência política na economia".
Já sobre a situação no enclave de Cabinda, os especialistas nota que a insurreição "está contida", mas alerta para "a frequência dos ataques de guerrilha contra as forças de segurança [naquela região]", que diz ter aumentado na última metade de 2016.