Mas no primeiro dia da visita, ou seja, hoje, a agenda do Presidente inclui um encontro com os governadores do Cunene, do Kuando Cubango, da Huíla e do Namibe, províncias atingidas pela seca. Estão ainda previstas audiências a representantes das autoridades religiosas, tradicionais, dos empresários e do Conselho Provincial da Juvenude.
O Presidente regressará à capital do País na tarde de sábado.
João Lourenço esteve no Cunene em Maio de 2019, logo depois de aprovar por despacho, um pacote financeiro de 200 milhões de dólares para resolver problemas estruturantes que combatam os resultados demolidores da seca que assola a província do sul do País, incluindo a construção de duas barragens.
No mesmo despacho era ordenado que fossem desencadeados, "de imediato, os procedimentos de contratação, por concurso público", dos serviços para a edificação de "um sistema de transferência de água do rio Cunene que partirá da localidade de Cafu até Shana, nas áreas de Cuamato e Namacunde, destinando para a obra o valor em kwanzas no equivalente a 80 milhões de dólares".
Um segundo projecto diz respeito à construção de uma barragem na localidade de Calucuve e do seu canal adutor associado, no valor de 60 milhões de dólares, no seu correspondente em moeda nacional.
Foram ainda destinados 60 milhões de dólares para a construção de uma outra barragem e o respectivo canal adutor, na localidade de Ndue.
Já no final de 2019, o Executivo destinou mais de 23 mil milhões de kwanzas para aliviar o sofrimento das populações, mais de 1,3 de pessoas distribuídas por cerca de 250 mil famílias, das províncias do Cunene, a mais afectada, do Kuando Kubango, do Namibe e da Huíla.
Recorde-se que o Governo pôs em marcha o Programa de Emergência de Combate à Seca, no âmbito do qual já distribuiu, segundo dados do próprio Executivo, várias toneladas de bens alimentares às populações que, para além da sua sobrevivência, lidam diariamente com a morte de milhares de cabeças de gado, um dos sustentáculos da economia e das sociedades desta geografia do sul de Angola.
Já em 2020, em Novembro, o Chefe de Estado autorizou também uma despesa de 50,5 milhões de euros para a construção e apetrechamento do Hospital Geral do Cunene (ler aqui).
Em Maio de 2021, o Presidente deu o seu aval a um contrato de empreitada para a construção da centralidade do Cunene, com 1000 habitações e respectivas infra-estruturas, que vale 182,9 milhões de dólares, a que se juntam 4,5 milhões para fiscalização. A empreitadas está enquadradas na linha de crédito da Luminar Finance, sendo as obras da responsabilidade do grupo israelita Mitrelli (ler aqui).
Para além da tragédia que tem sido a prolongada seca no sul do País, o Cunene foi uma das províncias invadidas pela praga de gafanhotos que destruiu vários hectares de culturas massango, massambala e milho (ler aqui).
A ONU, através do seu Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (UNOCHA), tem vindo, repetidamente, a chamar a atenção para a extrema gravidade da situação vivida no sul de Angola, especialmente entre as crianças, estimando que mais de meio milhão - entre os 1,3 milhões de pessoas afectadas - estão em situação de risco, milhares com risco de vida, e a necessitar de intervenção urgente.
Dezenas de milhares destas crianças já deixaram o sistema de ensino, adverte o UNICEF via UNOCHA, e muitas mais podem seguir o mesmo caminho, com consequências trágicas para o futuro do País mas especialmente das regiões afectadas.