"O requerimento nem sequer foi a votação e não foi lido no parlamento. O presidente da Assembleia Nacional entendeu não apresentar o requerimento da UNITA ao plenário", disse ao Novo Jornal a segunda vice-presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, Mihaela Webba, à margem de uma conferência de imprensa que apresentou a posição da UNITA sobre a transparência eleitoral, um tema que vai a debate quinta-feira, 21, por proposta do Grupo Parlamentar do MPLA.
Segundo a deputada, a UNITA entende esta atitude como uma "obstrução", visto que o parlamento angolano "continua a demostrar que não é democrático".
"Tudo que vem da oposição é barrado ou pela maioria qualificada do MPLA ou pelo presidente da Assembleia Nacional", acrescentou a deputada, sublinhando que a intenção do seu partido é apelar à resolução urgente e pacífica das hostilidades que opõem os dois países.
O conflito no leste europeu tem-se revelado de extrema importância para Angola devido ao impacto que demonstra ter na valorização recente das energias, gás natural e petróleo, que é responsável por 95% das exportações nacionais e mais de 35% do seu PIB, ao mesmo tempo que está a ter uma forte influência no mercado internacional dos cereais, elevando, por exemplo, o preço do trigo para preços recorde.
A transparência eleitoral...
Na conferência de imprensa, o primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Maurílio Luiele, referindo-se ao tema central, disse que a composição da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), dominada pelo partido no poder é o "grande obstáculo" do processo da transparência eleitoral em Angola.
"A falta de transparência no processo eleitoral, a violação das inúmeras regras de vários diplomas, a alteração das regras para permitir expedientes fraudulentos, as dificuldades selectivas dos eleitores pela administração eleitoral, bem como a composição desequilibrada da CNE, contribuem para a falta da transparência eleitoral", acrescentou.
Na sua opinião, a transparência eleitoral é requerida não apenas no período eleitoral, mas também no período pré-eleitoral, quando se definem as regras do jogo, a logística, os fundos e os acessos à comunicação social.
"Queremos um processo eleitoral livre, justo, transparente, credível, verdadeiro e democrático e isso só pode acontecer se os vícios do passado não forem novamente utilizados agora", apelou.
Por isso, a UNITA espera que o debate circunstancial proposto pelo Grupo Parlamentar do MPLA permita levantar estas e outras questões que tendem a ensombrar o processo eleitoral e fazer alguma luz sobre o processo.