Este aviso vermelho (red notice) foi emitido a pedido das autoridades angolanas, avança a Reuters, que cita a Interpol. A empresária, que tem reiteradamente negado quaisquer crimes, é procurada por suspeitas dos "crimes de peculato, fraude qualificada, participação ilegal em negócios, associação criminosa e tráfico de influência, lavagem de dinheiro".

Isabel dos Santos declarou, quer através da sua equipa de consultores, quer em entrevistas dadas logo depois das notícias sobre o pedido da PGR angolana à Interpol, dizendo que nunca foi constituída arguida e que as autoridades conhecem a sua morada. Mas, segundo a PGR, entre 2015 e 2017, a empresária criou mecanismos financeiros "com intenção de obter ganhos financeiros ilícitos e branquear operações criminosas suspeitas", através de "informação sobre dinheiros públicos do Estado angolano" que conseguiu na qualidade de administradora da petrolífera estatal Sonangol.

De acordo com a PGR, Isabel dos Santos terá prejudicado o Estado angolano nos montantes totais de mais de 200 milhões de euros.

Mas, em entrevista à DW e mais recentemente à CNN Portugal, aquela que já foi a mulher mais rica de África, afirmou que os tribunais de Angola "não são independentes" e que os juízes são "usados para satisfazer uma agenda política". Ainda segundo Isabel dos Santos, também os jornalistas foram usados, pois o Luanda Leaks, uma operação de investigação jornalística desencadeada em 2020 pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) - ver aqui, aqui, aqui e aqui- através de centenas de milhares de ficheiros que lhes foram enviados anonimamente, e que expôs anos a fio de esquemas alegadamente ilegais que permitiram à empresária enriquecer sobremaneira, era "uma manipulação grosseira", sugerindo que se tratou de "uma encomenda do Estado angolano" que a escolheu como alvo, "por razões políticas" tendo, para isso, "manipulado jornalistas, colocando nas mãos de jornalistas informações que não eram verdadeiras, convencendo-os de coisas que não eram verdade...".

"O Presidente João Lourenço decidiu usar a família dos Santos como uma espécie de símbolo, quer provar ao mundo que JES era mau Presidente e os filhos eram culpados...", procura realinhar os seus argumentos colocando de novo o actual PR na linha de fogo - ver aqui.