Para o Reitor da instituição, Cruz Serra, esta é uma realidade que comprova a excelência e a atracção que a Universidade de Lisboa exerce sobre o universo estudantil em geral e, em particular sobre alunos oriundos de países lusófonos.
"Hoje em dia os estudantes estrangeiros olham para Portugal e vêem excelentes universidades. As escolas são boas. Essa atracção cresce entre aqueles que falam português. A língua é uma vantagem que faz uma diferença enorme. Depois há uma boa integração. Entre os estudantes internacionais que chegaram já com o novo EEI, "Angola aparece claramente destacada", esclareceu.
Cruz Serra fez questão de salientar que, um dos factores determinantes para "este sucesso na internacionalização" passou pela alteração das condições de acesso dos alunos estrangeiros ao ensino superior em Portugal, com a entrada em vigor, há um ano, do EEI.
"No anterior regime, os alunos tinham de sujeitar-se às regras normais de acesso. Isto é, a maioria dos que vinha estudar para Portugal começava por concluir aqui o ensino secundário e seguir os procedimentos normais de acesso à universidade. Com o novo regime - que já vai no segundo ano - basta aos alunos estarem em condições de ingressar no ensino superior do respectivo país para, automaticamente se poderem candidatar a frequentar a universidade portuguesa", adiantou.
E continuou: "Antes tinham de fazer prova de acesso normal, tal como os estudantes nacionais. Hoje em dia, se estiverem em condições de ingressar numa universidade angolana, brasileira ou moçambicana, então podem também concorrer para estudar no ensino superior em Portugal".
Cruz Serra explicou ainda que os alunos têm, obviamente de submeter-se ao Concurso Especial de Acesso e Ingresso para Estudantes Internacionais (CEAIEI) e, uma das condições para beneficiar deste estatuto, é "não terem dupla nacionalidade".
"A Universidade de Lisboa tem abertas, por ano lectivo, cerca de 300 vagas no âmbito do EEI. Os alunos que reunirem as condições candidatam-se a uma vaga e, em função dos critérios definidos por cada faculdade, acedem ou não aos cursos", disse.
Lembrou também que o valor da propina para os alunos abrangidos pelo EEI pode chegar aos sete mil euros (valor máximo) por cada ano lectivo, existindo, todavia, um programa de bolsas de estudo que pode abranger até um limite de 50% do número de vagas disponíveis. Ou seja, se houver 300 vagas, o limite máximo de bolsas a atribuir não pode ultrapassar as 150.
"Essas bolsas não se traduzem em dinheiro, mas em desconto no valor da propina a pagar. Quem beneficia da bolsa fica sujeito ao regime aplicado aos alunos portugueses: 1.000 euros de propinas por ano lectivo", afirmou.
O professor disse também que, até este ano lectivo, o número de vagas ainda é superior ao número de candidatos, mas admitiu que, "rapidamente essa situação seja invertida, passando a haver mais candidatos do que vagas".
Angolanos representam 12% dos estudantes estrangeiros
As 300 vagas estão distribuídas pelas 18 faculdades e institutos que integram a Universidade de Lisboa, cabendo a cada uma delas fixar o número de lugares de acesso no âmbito do EEI por ano lectivo, assim como o valor anual da propina (até ao tal máximo de sete mil euros).
"Ao acederem à Universidade de Lisboa estão a candidatar-se a frequentar a maior universidade portuguesa (com cerca de 50 mil alunos) e a melhor cotada entre todas as universidades portuguesas nos "rankings" internacionais. Com o EEI os alunos estrangeiros ficam com a possibilidade de estudar numa grande universidade europeia e alcançar um diploma de grande valor. É, de facto, uma grande oportunidade", concluiu.
Este ano lectivo e ainda com as inscrições abertas no âmbito do EEI já chegaram, até ao momento, 15 estudantes angolanos.
Dos 15, para já, 11 vieram para o Instituto Superior Técnico (cinco para Mestrado Integrado e seis para o 1.º Ciclo de licenciatura) três para a Faculdade de Ciências (1º ciclo) e um para Faculdade de Letras (1.º ciclo)
Questionado sobre se a crise em Angola pode estar a afectar a chegada de alunos do país, o Reitor esclareceu que os dados ainda não são finais e, por isso seria prematuro estar a fazer considerações sobre essa matéria.
Cruz Serra assegurou ainda que a Universidade de Lisboa garante "a emissão atempada de quaisquer documentos legais, no âmbito da respectiva responsabilidade, que permitam a obtenção de vistos no mais curto espaço de tempo" para todos os estudantes estrangeiros que queiram ingressar na instituição.
No ano lectivo 2014/2015 o número de estudantes angolanos regulares na Universidade de Lisboa atingia os 374 (326 em 2013/2014). Representavam cerca de 12% do total de estudantes regulares de nacionalidade estrangeira a frequentar esta instituição. Os angolanos eram quase 18% do total de estudantes oriundos de países da CPLP.
"É, por isso, muito natural que em 2015/2016 esse número seja muito semelhante", admitiu.
Voltando aos 374 estudantes angolanos inscritos na Universidade de Lisboa, desse total havia 78 a fazer doutoramento, 24 no mestrado integrado, 142 no mestrado (2.º ciclo), 113 no primeiro ciclo de licenciatura, 16 em especialização pós-licenciatura e um em especialização pós-bacharelato.
Por escolas, o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas liderava em número de alunos angolanos inscritos, com 89, seguido da Faculdade de Direito, 64, do Instituto Superior Técnico, 60 (56 na Alameda e seis no Taguspark), Instituto Superior de Gestão, 43, Faculdade de Ciências, 33, Faculdade de Letras, 28, Instituto de Educação, 16 e Instituto Superior de Agronomia, 11.