O Serviço de Investigação Criminal (SIC) desmantelou o espaço no bairro Matadouro, zona do km 26. Este centro de mineração, operava de forma automática e remota, com o controle de mais de 10 câmaras de vídeo e vigilância, que eram utilizadas para monitorar os acessos à residência.
No interior da casa foi ainda encontrado um sistema de alta tecnologia com processadores de elevada precisão do tipo Avalon Miner, que estão avaliados em mais 8.000 dólares norte-americanos.
Nos últimos meses, semana após semana, o SIC tem desmantelado vários centros de mineração de criptomoedas no país, com maior regularidade em Luanda.
Enquanto o SIC procura combater esta actividada ilícita, os cidadãos de nacionalidade chinesa também não descansam, e, a cada dia que se passa, inventam novas estratégias para ludibriar as autoridades e prosseguir com esta prática.
Depois de dissimularem diversos centros em fábricas, estaleiros, centros comerciais, ou em apartamentos da Centralidade do Vida Pacífica, agora foi descoberto um centro que se encontra na cave de uma residência.
Como se produz criptomoeda?
As criptomoedas são geradas a partir de um sistema informático de grande resolução que, ao contrário do que se pensa, que é que estas resultam da resolução de equações matemáticas, procura antes códigos, como se fosse um sorteio, amealhando a moeda à medida que acerta nos códigos aleatórios.
À medida que o software acerta nesses códigos, vai amealhando criptomoedas, que lhe chegam através do registo da descoberta no banco de dados denominado blokchain, que é uma espécie de sistema de armazenamento de dados por blocos interligados.
Em síntese, como estes códigos não são infinitos, os centros de mineração competem uns com os outros em todo o mundo por eles, sendo que quanto maior for a capacidade de processamento, maior sucesso se tem, em teoria.
Gasto gigantesco de energia e impacto ambiental negativo
Mas a questão problemática para o Estado angolano, sendo que é daí que resulta parte da preocupação do Presidente João Lourenço, que a fez chegar às autoridades na sexta-feira, 07, de forma incisiva, é que estes centros ilegais usam vastas quantidades de energia da rede pública, muitas das vezes com ligações pirata.
E quanto maior e potente é o sistema em rede usado para minerar este valioso recurso digital, sendo a mais conhecida, havendo muitas outras, a Bitcoin, que vale actualmente cerca de 100 mil USD por unidade, mais energia consome.
Segundo dados recolhidos em estudos internacionais, alguns destes "spots" podem gastar o equivalente a uma pequena cidade e, actualmente, em todo o mundo, estima-se que minerar criptomoedas custe o equivalente ao consumo de energia de países como a Austrália.
Só uma destas unidades sem dimensões extraordinárias tem, por norma, um consumo superior a 3,5 quilowatts-hora (kWh).
Há ainda a acrescentar que esta actividade tem um impacto ambiental gigantesco se não contar com energia gerada localmente por fontes alternativas, como a solar, eólica ou hídrica...