O director-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, que, desde o início das campanhas de vacinação, tem erguido a voz, tal como o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, contra o risco de o mundo se dividir em populações totalmente vacinadas, incluindo crianças de tenra idade, e as escassamente vacinadas, ou seja, os ricos de um lado e os pobres do outro...
Isto, perante a evidência de que tinha razão, com os países asiáticos mais pobres e o continente africano quase sem excepções com índices de vacinação muito baixos, nalguns casos nem sequer o pessoal hospitalar da linha da frente foi totalmente vacinado, e os mais ricos, desde logo Europa, EUA, entre outros, onde já se começou a vacinar crianças com idades inferiores a 12 anos e, como Israel, já está a ser administrada a terceira dose de reforço, sem que, num e noutro caso, esteja provado cientificamente que isso seja, sequer, indicado.
Para procurar minimizar este cada vez mais largo e fundo fosso entre ricos e abastados, o líder da OMS está a tentar que o bom senso se imponha e que os países ricos aceitem travar a vacinação excessiva das suas populações de forma a que as vacinas possam ser redistribuídas pelos que enfrentam mais dificuldades para imunizar os seus povos.
Para isso, Ghebreyesus entende que a melhor forma de estancar esta injustiça galopante é que os países ricos parem de vacinar crianças e administrar terceiras doses, estabelecendo uma moratória de alguns meses, até Setembro ou Outubro, de forma a que essas vacinas sejam canalizadas para África, Ásia e alguns países da América Latina.
Este veemente apelo do director-geral da OMS chega numa altura em que o mundo vê trespassada a barreira dos 200 milhões de infecções, sendo que, para isso, estão a contribuir em larga medida os EUA (35,5 milhões de casos), o Brasil (32) e a Índia (20), países onde o Sars CoV-2, agora reforçado com a letal e de maior transmissibilidade variante Delta, se espalha na forma de tempestade de morte e doença, embora por razões distintas: enquanto nos EUA perto de 40% da população rejeita ser vacinada, no Brasil e na Índia, estes números trágicos resultam de erros estratégicos crassos, no caso do Brasil, e de incapacidade de responder â demanda que constitui uma população de 1,3 mil milhões de pessoas.
A par dos mais de 200 milhões de infecções, a Covid-19 já matou, segundo dados da OMS, mais de 4 milhões de pessoas.
Angola já regista mais de 43 mil casos, com cerca de mil mortos.