Perante o "exagero", como disseram ao Novo Jornal alguns moradores desta centralidade, apontam o dedo à Empresa Provincial de Água de Luanda (EPAL) por não estar a fazer a cobrança com base nos contadores.

A EPAL nega a acusação e diz que muitos habitantes têm dívidas acumuladas, mas que se se comprovar que ocorreu uma sobrefacturação, a diferença será restituída.

Ana Marta, moradora do Bloco-1, fez saber que desde que foi decretado o estado de emergência no País, em Março último, a EPAL nunca compareceu para fazer as respectivas leituras dos contadores e que, surpreendentemente, a empresa de água cobrou, nos meses Março e Abril, 10 e 15 mil kwanzas.

Mauro Cunha, que reside no bloco F-16, contou que nos mesmos meses, as suas facturas ficaram orçadas em 30 mil, sem, no entanto ter dívidas por liquidar.

"É um absurdo o valor que nos obrigam a pagar nesses últimos meses. A minha conta da água tem sido de 15.000 mensal, é muito alto", explicou.

Mauro Cunha, contou ao Novo Jornal, que o assunto tem-lhe tirado o sono todos os dias, e que já reclamou junto da EPAL, só que infelizmente ninguém resolveu a questão. "Não sei se é falta de amor pelo próximo ou então pensam que aqui somos todos ricos".

Esperança de Melo, moradora no bloco G, diz que tem feito pouco uso da água, mas ficou surpresa no mês passado quando recebeu a factura de nove mil kwanzas.

"Passo o dia todo fora de casa devido o trabalho e nos fins-de semana, também quase que não fico em casa. Mas recebemos a conta no valor de nove mil kz, o que não percebemos", exclamou.

O coordenador de um dos prédios da centralidade, que falou sob anonimato, confirmou a justiça das reclamações dos habitantes, mas lamentou a falta de união dos coordenadores para pôr fim a questão.

"São injustos os valores que temos estado a pagar mensalmente. A verdade é que isso não condiz com a nossa capacidade de consumo. Sabemos que a EPAL não faz há vários meses a leitura dos contadores. E existem muitos contadores que já não funcionam, como é possível agora nos cobrarem entre 10 a 20 mil kz, mensais?", questiona.

Em reacção a estas queixas, a directora de Comunicação e Marketing da EPAL, Albertina Baptista, em declarações ao Novo Jornal, explicou que não é verdade que os habitantes da centralidade do Kilamba estão a pagar facturas referente há um mês acima de 10 mil kz.

"Tive o cuidado de ir verificar no sistema, hoje, e não há ninguém que tenha sido facturado acima de nove mil. Agora, pode ser que no processo de facturação tenham surgido algumas falhas com um ou outro cliente e os técnicos não se aperceberam. Mas a EPAL não cobrou ninguém acima desse valor, e a existir esses valores na factura é porque há um acumulado por liquidar", declarou.

Segundo a responsável, os moradores do Kilamba foram informados que o valor de nove mil kz, referente ao mês passado, é pela média de consumo e que ninguém pagou uma factura acima desse valor.

Quanto à falta de recolha de leitura, Albertina Baptista, disse que durante o estado de emergência não foi possível os funcionários da EPAL efectuarem as referidas leituras devido à situação gerada pela Covid-19, e que actualmente muitos moradores ainda continuam a não permitir a entrada dos técnicos da EPAL nos seus apartamentos, face à situação epidemiológica do novo coronavírus.

"O Kilamba tem 22 mil apartamentos, e durante o estado de emergência, não era possível recolher as leituras das casas. O regulamento permite facturar por estimativa a média de consumo na ausência de leitura e foi o que fizemos", descreveu.

Albertina Baptista lamentou o facto de muitos moradores, ao invés de fazerem as reclamações na agência da EPAL, preferem usar as redes sociais para o fazê-lo, uma situação, que segundo conta, não ajuda.

A directora de comunicação da EPAL afirmou, igualmente, que se se comprovar que há clientes que foram facturados a mais, a EPAL vai fazer o reajusto. Assim como aqueles que foram facturados a menos, vão pagar a diferença.