"Até ao final deste mês ou princípio de Março estarão criadas as condições para a transmissão, de forma experimental, da Rádio Ecclésia, na província do Bengo", disse o bispo em declarações aos jornalistas locais, no final de um encontro que manteve com a governadora provincial do Bengo, Mara Quiosa.
Para o prelado "a rádio estará à disposição dos ouvintes do Bengo e de toda Diocese de Caxito, que abrange todo o município de Cacuaco, por isso, constitui uma mais-valia para a comunidade diocesana de Caxito ter um meio à disposição".
"O objectivo da Rádio Ecclésia é fazer com que a palavra de Deus possa ser ouvida por todos os cristãos da Diocese de Caxito, de forma imparcial", referiu, manifestando a sua satisfação com a tomada de decisão do Presidente da República, João Lourenço, que "garantiu a possibilidade da expansão do sinal da Rádio Ecclésia a nível do país."
De lembrar que no mês de Janeiro o Presidente da República, João Lourenço, manifestou-se favorável à extensão do sinal da Rádio Ecclésia, da Igreja Católica, a todo o país.
Para o chefe de Estado angolano, este é "um velho problema" e hoje também "um falso problema", acrescentando que defende a liberdade de expressão e de imprensa, porque entende que a mesmas devem ser promovidas.
"É evidente que para que a Rádio Ecclésia possa expandir o seu sinal pelo território nacional não haja necessidade de nenhum pronunciamento do Presidente da República, mas devemos reconhecer que, por razões que não importa adiantar aqui, a Rádio Ecclésia não conseguiu até aqui fazer essa mesma extensão do sinal", salientou.
A história da rádio católica
A histórica Ecclésia nasceu em 1955 e manteve a emissão nacional em várias frequências até 1978, ano em que foi impedida de o fazer ainda no rescaldo da violência relacionada com o 27 de Maio de 1977, tendo todos os seus bens sido confiscados e nacionalizados pelo então regime de partido único.
A Rádio Ecclésia foi reaberta em 1999, mas, nesse momento teve início um dos "mistérios" que envolvem o confinamento da emissora a uma parcela diminuta do país.
Apesar de a licença (alvará) ser semelhante à anterior, os equipamentos de onda média e onda curta estavam obsoletos, impedindo o retomar normal da emissão para os quatro cantos de Angola.
Deste a reabertura, a igreja católica pretendia reinstalar os emissores e retransmissores do sinal em FM pelo resto do país, como consta do conhecido "Projecto de Expansão do Sinal da Rádio Ecclésia", apresentado ao Ministério da Comunicação Social e ao Instituto Nacional de Comunicação (INACOM), que permitiu, em 2001, a instalação de emissores e estúdios em todas as Dioceses de Angola.
Mas a autorização para iniciar as emissões não chegou, tendo, como refere a CEAST no seu documento de Junho deste ano, recebido apenas uma nota do Ministério da Comunicação Social e do INACOM para que se aguardasse "pelo devido licenciamento, pois o assunto estava a ser já tratado pelas instâncias de direito a nível do Governo".
Até hoje a Ecclésia nunca foi autorizada a emitir em todo o território, mesmo que, já depois deste processo reiniciado, tivessem sido atribuídos alvarás a outras rádios privadas (Rádio Mais) e uma televisão (TV Zimbo) para emitir a nível nacional.