Nas encostas da Boavista, em plena capital do País, um bairro periférico marcado pela extrema pobreza, a miséria esculpe paisagens de desespero. Enquanto a opulência do vizinho Miramar brilha com casarões de luxo e embaixadas, nas encostas a vida resume-se à luta pela sobrevivência.

Casebres de chapa e lona amontoadas e corroídas com o tempo abrigam famílias que vêem a fome como inimiga implacável, factor que impulsiona algumas pessoas, principalmente jovens e crianças, a actos de desespero. Penduram-se em camiões em movimento para roubar milho e trigo com o risco iminente de perder a vida.

A estrada, antes um simples caminho, tornou-se num tapete de espigas douradas. Grãos de milho espalhados pelo asfalto e que representam o retrato cru da fome que assola a zona são os rastos deixados após a invasão de mais um camião que saía do Porto de Luanda. Trata-se de uma moda que se tornou num costume e que transforma a zona no palco de um cenário caótico em que crianças, jovens e adultos com bacias, sacos ou outro recipiente qualquer, sem se importarem com o sol tórrido e o risco de atropelamento, recolhem cada grão do asfalto para a garantia da sobrevivência.

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