Esta informação já tinha sido divulgada por um quadro da EMA mas só agora foi oficialmente reconhecida a ligação entre a administração da vacina da AstraZeneca/Oxford e a ocorrência de tromboses atípicas.

Todavia, apesar de estar agora confirmada essa ligação, este organismo da União Europeia mantém a posição de que os efeitos benéficos superam largamente os riscos inerentes à toma do imunizante em questão.

Esta informação foi hoje tornada pública numa conferência de imprensa da EMA na Holanda onde foi reafirmada a informação previamente disponibilizada em comunicado sobre a ocorrência de "coágulos com plaquetas sanguíneas baixas" que devem ser considerados como efeitos secundários da toma desta vacina.

Recorde-se que a incidência de casos é muito baixa, tendo a EMA avançado que foram registados perto de 80 casos, com 18 mortes subsequentes, em 25 milhões de pessoas vacinadas na União Europeia e Reino Unido até 22 de Março.

A principal alteração gerada por esta constatação é que a bula, a informação contida na caixa do medicamento, passa a indicar mais este conjunto de possíveis efeitos secundários.

Recorde-se que em Angola já foram vacinadas com esta vacina perto de 182 mil pessoas, sendo que o País dispõe do remanescente das 624 mil doses recebidas há cerca de um mês através do mecanismo da Covax (Gavi-OMS).

Angola não deixa campanha de vacinação

A ministra da Saúde angolana, de acordo com a Lusa, reiterou o apelo para que as pessoas elegíveis neste momento adiram à campanha de vacinação contra a covid-19, que decorre no país com a vacina da AstraZeneca.

Sílvia Lutucuta, que falava aos jornalistas à margem da apresentação de uma declaração para assinalar o Dia Mundial da Saúde, reagia à conclusão do Comité de Avaliação de Risco em Fármaco-vigilância (PRAC, sigla em inglês) sobre uma possível ligação da vacina AstraZeneca e problemas de formação de coágulos sanguíneos.

"Continuamos a reiterar aqui que a vacina é segura e que salva vidas. Não há nenhum medicamento inócuo e que nós temos sempre que avaliar os riscos e benefícios, e, neste caso em particular da covid-19, a falta de uma dose de vacina ou de duas doses, no caso específico da AstraZeneca, pode-se incorrer num custo incalculável, que é a perda de vidas", referiu a ministra.

A governante angolana realçou ainda que "há pessoas que já têm uma tendência natural para formar coágulos".

Segundo a ministra, para estas há que ter cuidados acrescidos, "mas o número de pessoas com coágulos sem vacinas e de pessoas vacinadas, não há assim um aumento causado pela vacina e isso é que devemos reter".

A titular da pasta da Saúde angolana recordou que o país já tem o registo de mortes de profissionais de saúde, um dos grupos elegíveis por esta altura, por não tomarem a vacina.

"Não devemos pagar com a vida e perder a oportunidade de ser vacinado e podermos salvar a nossa vida. Os profissionais que fazemos referência, alguns deles, pelo menos um, com alguma responsabilidade na sua área de funcionamento, tinha feito o registo de todos os colegas, não se foi vacinar e passados 15 dias estava a morrer com covid-19", referiu.

"Nós não queremos que os nossos profissionais, que são muito expostos, corram riscos desnecessários, com vacina. Não é este o único caso, tivemos outro recentemente em Benguela, e todos eles não vacinados", acrescentou.