Luanda, há algum tempo, também beneficiou de 45 novos autocarros articulados, com capacidade para 108 passageiros (sentados e em pé), incluindo lugares para cadeirantes e respectivo equipamento de acesso. Beneficiaram dos referidos, anunciou a imprensa, as operadoras TCUL (estatal), Macon e Ango-Real, cada uma com 15 unidades, que se comprometeram em colocar os meios nas principais rotas.
Enquanto a entrega de novos autocarros pelo Governo pode ser vista como um passo na direcção certa para melhorar a mobilidade urbana, muitos críticos questionam se a medida é realmente suficiente para enfrentar os desafios mais amplos dos transportes públicos. Embora a adição de mais autocarros seja bem-vinda, há quem argumente que é necessário um compromisso mais abrangente e sustentável para resolver os problemas de congestionamento, poluição e acesso desigual ao transporte. Esta iniciativa levanta questões sobre a eficácia das políticas de transporte, desenhadas pelo Estado, e a necessidade de uma abordagem mais abrangente e de longo-prazo para melhorar verdadeiramente a qualidade de vida dos utentes e, por conseguinte, das cidades.
Amiúde, quando pensamos no melhoramento dos transportes públicos, somos tentados a cogitar na necessidade de aumento de meios, leia-se veículos ligeiros ou pesados (autocarros) para transporte de passageiro. Mais autocarros é sinónimo de redução do impacto do problema de mobilidade rodoviária na vida dos cidadãos. Mais autocarros significa que temos cada vez mais as soluções de mobilidade urbana ao alcance da mão. Mais autocarros traduz o empenho e a força de vontade das autoridades competentes neste domínio. Qualquer pesquisa de campo mostrará, além disso, variáveis que concorrem para a difícil mobilidade urbana, que não veículos de passageiros bem-vindos. No caso de Luanda, uma cidade sobrepovoada, impõe-se a necessidade de criação de um instituto de estudo para avaliação e diagnóstico preciso dos problemas em torno dos transportes públicos e da mobilidade urbana. Para avistarmos soluções mais estáveis.
Sucede que, frequentemente, assistimos a episódios deploráveis, de acesso a autocarros, principalmente. Filas longas de passageiros para apanhar os autocarros. E quando chega o autocarro, surge uma batalha campal de acesso ao veículo. Homens e mulheres, crianças e idosos, jovens e portadores de deficiência travam uma luta que custa ver, para terem acesso aos autocarros. Às vezes, partem os vidros dos autocarros e danificam dispositivos da porta, como dobradiça, batentes de borracha que servem para amortecer o impacto da porta, protegendo tanto a porta quanto a estrutura do veículo.
O filme não começa nem termina só com os passageiros. Cobradores implacáveis, motoristas insolentes. O veículo arranca com a porta ainda aberta, arrastando os passageiros. Apertando-os entre as divisórias da porta de acesso, chegando a sacrificar o mecanismo de abertura automático, preparado (em vão) para entrada e saída eficiente de passageiros. O autocarro vai abarrotado, com muitos passageiros em pé, mesmo com o bilhete de passagem pago. O cenário repete-se todos os dias que já não choca a ninguém. Vê-se nos dois principais terminais de Luanda, nomeadamente, o Largo da Mutamba e o Largo das Escolas.
O que não falta são propostas de soluções. I. Melhoria da Infra-estrutura: Investir em estradas, pontes e sistemas dinâmicos de transporte público para melhorar a conectividade e a eficiência; II. Transporte Sustentável: Promover o uso de bicicletas e veículos eléctricos para reduzir a poluição e o congestionamento; III. Planeamento Urbano Inclusivo: Desenvolver cidades com espaços e serviços acessíveis a todos, incluindo pessoas com deficiência; IV. Tecnologia e Inovação: Utilizar aplicativos móveis para optimizar rotas de transporte e integrar diferentes modos de transporte. V. Educação e Consciencialização: Realizar campanhas para educar a população sobre a importância da mobilidade sustentável e segura.

*Mestre em Linguística pela Universidade Agostinho Neto