Ao discursar no acto alusivo aos 50 anos da Revolução de 25 de Abril, o Chefe de Estado angolano condenou a agressão, ocupação e anexação de territórios ucranianos pela Rússia e apelou ao respeito pela soberania e integridade territorial deste país.

Neste sentido, exortou a que sejam envidados os esforços diplomáticos necessários para que se alcançe a paz definitiva na Ucrânia e na Europa, no geral.

Por outro lado, fez referência ao facto de, nesta data em que se comemora os cinquenta anos do 25 de Abril, o mundo assistir, com preocupação, ao crescimento e proliferação de movimentos extremistas, da xenofobia, do neonazismo, da intolerância política, do fundamentalismo religioso e do terrorismo, "que ameaçam as democracias e procuram, por meios democráticos nalguns casos mas, sobretudo, por métodos e caminhos inconstitucionais, chegar ao poder".

Assim, defendeu uma acção conjunta para enfrentar e derrotar estas forças negativas que hoje se apresentam com novas roupagens, mas que ameaçam as liberdades fundamentais dos cidadãos, a vida humana e o progresso social das nações.

"Nós, que lutámos pela liberdade que hoje comemoramos, temos o dever moral de condenarmos a agressão, ocupação e anexação de territórios ucranianos pela Rússia e de exigir o respeito pela soberania e integridade territorial da Ucrânia e que sejam envidados os esforços diplomáticos necessários para que seja alcançada a paz definitiva", disse.

João Lourenço condenou, mais uma vez, a acção terrorista do passado dia 7 de Outubro que vitimou milhares de pacíficos cidadãos israelitas e fez centenas de reféns, que devem ser postos em liberdade.

No mesmo sentido, o estadista angolano reprovou a reacção desproporcional de Israel, que apesar do direito que lhe assiste de defender os seus cidadãos e o Estado de Israel, não pode ter carta branca para matar indiscriminadamente crianças, mulheres, velhos, doentes acamados, jornalistas e trabalhadores de organizações humanitárias internacionais.

Lembrou que o direito humanitário internacional deve ser respeitado em situação de guerra.

Perante este cenário, o Presidente João Lourenço entende que o mundo não pode permitir que, com o "argumento da necessidade da eliminação do Hamas, o povo palestino seja exterminado não só pela acção das bombas, como também pela negação imposta pela força ao mais elementar direito humanitário, o do acesso aos alimentos, à água e assistência médica e medicamentosa".

"Não há povos terroristas, o povo palestino é como todos os povos, um povo pacífico que almeja viver em paz e harmonia com outros povos, nos marcos de um Estado reconhecido internacionalmente", expressou.

João Lourenço afirmou que é chegado o momento de se exigir o fim desta guerra e começar-se a dar, sem mais demora, os passos concretos e necessários para a criação de facto do Estado da Palestina.

Lembrou ainda o facto de assim o terem determinado várias Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que considera esta a única forma segura e duradoura de solução deste velho conflito, no interesse de ambos os povos, o judeu e o palestino, de Israel e da Palestina.

"Tudo deve ser feito pela comunidade internacional no sentido de se evitar a iminente probabilidade do escalar e alastrar do conflito naquela que é uma das mais voláteis regiões do nosso planeta", exortou.

Este pressuposto, de acordo com o Presidente, deve ser alcançado, "independentemente de quem arremessou a primeira pedra".

A Israel e ao Irão, apelou à necessidade da máxima contenção para se preservar a paz e segurança mundiais.

O Presidente da República está em Portugal desde quarta-feira, a convite do seu homólogo Marcelo de Sousa, para participar no cinquentenário na revolução de 25 de Abril, um marco da instauração da democracia em Portugal e independência das colónias portuguesas em África.