Esta é a primeira vez na história de Angola que o preço do kg de açúcar ultrapassa a cifra dos 500 kwanzas e atinge mais de 1.000 kz e muitos cidadãos temem que o preço possa ultrapassar os 2.000 kz, no mercado informal, na quadra festiva.
Nos supermercados, um quilograma está a custar 1.900 kz, bastante mais caro do que nos mercados informais.
Os comerciantes falam em alta de preços nos revendedores grossistas e temem que o preço do produto suba, ou mesmo que o açúcar escasseie na quadra festiva, que já se avizinha, e denunciam de que há revendedores grossistas que estão a manter em stock grandes quantidades para comercializarem apenas na época do Natal.
Este dado foi recentemente confirmado pelas autoridades policiais que procederam à detenção, na semana passada, de uma tonelada de açúcar, alegadamente por especulação de preços.
Ao Novo Jornal, vários comerciantes e populares disseram que nada mudou depois de as autoridades alertarem para a especulação dos preços em diversos locais de venda.
A verdade é que, segundo a constatação do Novo Jornal feita esta terça-feira, 17, nos mercados do Asa Branca, Congolenses e em diversas lojas e cantinas, da cidade de Luanda, o quilo está a custar 1.500 kz, contra 450 e 500 kwanzas praticados até ao princípio do mês de Setembro em muitos locais.
Várias donas de casa com quem o Novo Jornal conversou nestes locais lamentam a subida galopante do preço do quilograma de açúcar e asseguram que tal situação está a criar inúmeras dificuldades na gestão das cozinhas e dos "matabichos" (pequeno-almoço) das famílias.
"As nossas famílias gostam de tomar café ou chá logo pela manhã. Há casas em que o açúcar nem faz dois dias, a esse preço, aonde é que vamos parar?", questionou Magda Borges, uma mulher com que o Novo Jornal falou no mercado do Asa Branca, mas cuja opinião é aceite por muitas outras donas de casa.
Entretanto, esta subida galopante do preço do açúcar preocupa não só as donas de casa, mas também os comerciantes de diversos produtos alimentares, como o caso das vendedoras de bolinhos, kissângua, gelados, bolos, café/chá e leite quente, assim como outros produtos alimentares.
Segundo estas mulheres, que têm o ganha-pão nas vendas destes artigos, a situação é preocupante, visto que são forçadas a reduzir as quantidades dos artigos que comercializam.
Por exemplo, o preço do copo do café, nas comerciantes da "zunga" sofreu alteração, passou agora de 150 para 250 kz, o copo.
O copo de kissângua, uma bebida tradicional angolana, muito consumida, maioritariamente nas primeiras horas do dia, também sofreu alteração - agora é vendido o litro a 1.000 kz, contra os anteriores 500, e o copo passou de 100 para 200 kz.
Entretanto, várias pessoas disseram ter medo que o preço do kg do açúcar venha a ficar ainda mais caro, em relação ao actual preço, visto que há essa tendência no mercado.
Segundo vários interlocutores, em conversa com o Novo Jornal, o preço do açúcar está com uma tendência de aumentar e não de baixar.
"Dezembro é o mês em que os preços dos produtos como ovos, leite, óleo, farinha de trigo e açúcar têm ficado mais caros, ainda não estamos lá, mas já está a custar 1.500 kz, imagino quando chegar o mês de Dezembro", afirma Inácia Lucamba, cujo pensamento foi partilhado pela irmã, Apolinária Lucamba, e outras pessoas que se juntaram à conversa.
Na semana passada, como noticiou o Novo Jornal, o Serviço de Investigação Criminal (SIC), através da sua direcção central de combate aos crimes económicos e contra a saúde pública, apreendeu uma tonelada de açúcar, por especulação de preços, em três grandes empresas do sector comercial, soube o Novo Jornal.
Segundo o SIC, tratou-se das empresas NEWACO, ZARA, MAFCON e FUKUR, que vendiam o açúcar a mais do dobro do preço a que adquiriam o produto.
Conforme o Serviço de Investigação Criminal foi apurado que o açúcar é adquirido no País, concretamente na BIOCOM, por 30 mil kz, em sacos de 50 kg.
Quanto aos alertas de alguns comerciantes e populares - que o produto esteja mais caro na quadra festiva - o SIC certifica que muitos comerciantes estão a manter em stock o açúcar para fomentarem a procura.
Em declarações ao Novo Jornal, o director do gabinete de comunicação institucional e imprensa do SIC-geral, superintendente-chefe Manuel Halaiwa, alertou os cidadãos para denunciarem os casos de especulação de preços.