A investigação da Global Witness, citada pelo The Guardian, avança que o filho do Presidente congolês recorreu a um esquema internacional que passou por países europeus, estados norte-americanos e paraísos fiscais ligadas às Ilhas Virgens Britânicas, para dissolver os 50 milhões de dólares, que é, alias, idêntico ao que é imputado, também em investigações internacionais, à sua irmã, para se apropriar indevidamente de 20 milhões USD.

Ainda de acordo com a investigação citada pelo The Guardian, Christel Sassou-Nguesso, que também é deputado (na foto), utilizou, com a ajuda da multinacional brasileira Asperbras, com presença em três continentes, incluindo África, e com investimentos em Angola, ligada aos sector dos equipamentos agrícolas e construção, entre outros, um "contrato aparentemente legal" para o efeito.

O branqueamento do dinheiro só foi possível devido ao poder do filho do homem que governa a República do Congo há 35 anos e passou pelo desvio de 50 milhões, parte de uma soma maior, de mais de 600 milhões USD, que saíram dos cofres do país, através de um circuito que envolve os offshores do Delaware, um dos estados dos EUA com estas características, e pelas Ilhas Virgens, antes de chegar ao Chipre, onde o suspeito tem empresas secretas, às quais recorreu para efectuar pagamentos na Suíça, em Portugal, na Polónia e em Espanha, entre 2013 e 2014.

Maiana Abreu, responsável pela investigação da Gloal Witness, citada ainda pelo jornal britânico, afirmou que, à medida que era feito o seguimento do dinheiro, apurou-se que este atravessou algumas jurisdições "que se gabam de terem fortes mecanismos de controlo anti-branqueamento de dinheiro", como a Europa e os EUA.

Ainda segundo a mesma fonte, o português José Veiga, antigo empresário de futebol, actualmente sob investigação por corrupção e branqueamento de capitais pela justiça portuguesa, teve um papel importante neste esquema ao intervir como facilitador na assinatura de contractos entre a empresa brasileira, que nega categoricamente qualquer ilegalidade, e o Estado congolês.

Em causa está em destaque um contrato para a realização de um estudo geológico onde a Asperbras aparece como rosto do negócio tendo subcontratado pate do trabalho a uma empresa cipriota, a Gabox Limited, que, alegadamente, pertence ao filho do Presidente da República do Congo e foi criada apenas dois dias antes do contrato ter sido efectivado e não ter qualquer funcionário registado mas, mesmo assim, recebeu 25% dos 200 milhões que a ONG suíça Public Eye garante que trabalho orçou.

Numa resposta ao The Guardian, a Asperbras garante que agiu de forma correcta neste negócio e não exacerbou os preços de forma artificial.