Esta manifestação de vontade da liderança angolana para os próximos 24 meses por parte do Chefe de Estado foi deixada no discurso feito na sexta-feira, durante a cerimónia de passagem da chefia da organização da República do Congo-Brazzaville para Angola, onde João Lourenço acrescentou que tem ainda como objectivo "estreitar" a colaboração entre os 12 Estados-membros da CIRGL, criada em 2006.

"Durante o nosso mandato vamos trabalhar em conjunto para desenvolver uma cooperação estreita entre os Estados membros para erradicarmos os grupos armados, fazer respeitar os acordos de paz concluídos na região e trabalhar para o levantamento das sanções impostas contra o Burundi, do embargo de armas imposto à República Centro Africana, bem como o combate ao nosso inimigo comum, a Covid-19", disse.

João Lourenço recebeu o testemunho das mãos de Denis Sassou N"guesso, o seu homólogo do do Congo-Brazzaville, depois de etr estado por detrás do memorando de entendimento de Luanda (2019) que juntou os Presidentes da RDC, do Ruanda, do Uganda e de Angola e cujo conteúdo contém um alargado conjunto de passos a dar para desanuviar tensões entre o Ruanda e o Uganda e, ao mesmo tempo, levar a um conjunto de acções que permitam combater as guerrilhas no leste da RDC, algumas delas com origem externa, Uganda e Ruanda, nomeadamente e que desde os anos de 1990, depois do genocídio do Ruanda de 1994, surgiram e se espalharam para este país, fixadas na exploração dos seus recurso naturais, dos diamantes ao coltão.

"Saúdo os passos positivos que se verificam na melhoria das relações entre o Uganda e oRuanda, bem como os esforços que estão a ser feitos para a normalização das relações entre o Burundi e o Ruanda", disse, a propósito, o agora também presidente da CIRGL, lugar que o país ocupa pela segunda vez, depois de José Eduardo dos Santos ter assumido o cargo em 2014, embora o arranque desta organização tenha sido globalmente impulsionado por Luanda, em 2006.

Agora, com a pandemia da Covid-19 em pano de fundo, João Lourenço recordou aos seus pares, nesta Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CIRGL, que são inúmeros os desafios que têm pela frente, onde inclui igualmente a instabilidade e as exigências do desenvolvimento, entre outros.

"A República de Angola acredita que a resposta colectiva a estes desafios consiste na tomada de acções concretas para materializar o tema escolhido para esta cimeira: `Favorecer a implementação do pacto sobre a segurança, a estabilidade e o desenvolvimento na Região dos Grandes Lagos, fortalecendo a cooperação económica regional e o desenvolvimento"", disse.

"Pensamos igualmente que a implementação cabal do pacto dependerá dos meios que colocarmos à disposição do Secretariado Geral da CIRGL, pelo que a vontade política de todos constituirá o factor determinante", avisou, acrescentando que está disposto a fazer da troika constituída pelo Sudão, Angola e Congo, "um colectivo de apoio a todos os Estados membros".