Obrigados a pagar 75 mil Kwanzas mensais para parquear no Aeroporto 4 de Fevereiro, os taxistas decidiram compensar o novo custo com o aumento do valor da quilometragem, que passou de 65 para 85 kwanzas.
O ajuste tem gerado protestos dos clientes, que se queixam ainda de cobranças abusivas.
"Antes aterrava em Luanda e já não tinha a preocupação do transporte. Metia-me num táxi e pronto. Mas da última vez que fiz isso jurei para nunca mais. Além de pagar o valor registado no taxímetro, tive de dar um extra", contou ao Novo Jornal online uma cliente, que pagou cerca de 3.000 Kz por uma corrida que habitualmente custava 1.500.
Oficialmente, porém, os taxistas ouvidos pela nossa reportagem, numa ronda realizada ontem pelo aeroporto, assumem apenas a revisão do preço do quilómetro.
"Devido à subida milionária da ENANA, fomos obrigados a ajustar a tarifa. Mas o valor da bandeirada [preço cobrado quando se liga o taxímetro] mantém-se em 300 Kwanzas no período da manhã e 600 à noite", adianta Job de Carvalho, em protesto.
"Quando os passageiros vêm reclamar é porque não têm noções da fortuna que pagamos só para estacionar dentro do Aeroporto", reclama este taxista com mais de cinco anos de experiência, de momento ao serviço da firma Meu Táxi.
Igualmente insatisfeito, o colega Geovani Alberto, de 35 anos, defende que a ENANA ignorou completamente as sugestões que os taxistas foram apresentando em relação ao assunto.
"A ENANA realizou uma reunião, em Novembro, para nos comunicar sobre a nova tarifa, só que não concordámos em pagar aquele valor porque já não se tratava de um ajuste, mas sim de uma "rica" cobrança", contou o taxista.
"Fomos abrigados a pagar porque já não havia saída. O parque pertence-lhes e sempre trabalhei neste lugar, então só tenho mesmo é que pagar", reforça Geovani, esclarecendo que por isso se ajustou o valor da quilometragem.
Apesar de conhecer a contestação dos taxistas, fonte oficial da ENANA esclarece que o processo foi amplamente negociado desde 2013.
"Com a iniciativa, a ENANA pretende arrecadar receitas para proteger a imagem e a manutenção do aeroporto. Nós não estamos a obrigar as operadoras a pagar este valor, há normas para se cumprir e só fica naquele lugar quem aceitar as regras".
Segundo esclarece a mesma fonte, a tarifa aplicada resulta de um decreto conjunto dos Ministérios dos Transportes e das Finanças, e será alargada aos outros aeroportos nacionais.
Em Luanda, as operadoras que estão no terreno são a Luanda Executivo, LMS e Filhos, Meu Táxi e L.D.D.
A presença, porém, está a sair mais caro do que a cobrança dos 75 mil Kwanzas.
"Desde a subida não tenho tido descanso porque não ganho o suficiente. Só tenho um dia para mim que é o sábado e não está a ser fácil", revela um dos taxistas que falou com o Novo Jornal online, sob anonimato.
Para além da degradação dos direitos de trabalho, o profissional reclama das exigências da ENANA.
"Se depositarmos o dinheiro numa outra agência do Banco Sol, que não seja a que está no interior do aeroporto esse dinheiro é considerado como perdido", diz. Apesar de desconhecer situações em que isso tenha acontecido - porque ninguém arrisca depositar noutro balcão -, o taxista garante que foi a própria direcção da ENANA que os orientou nesse sentido.