"Todas as partes estavam representadas e a autópsia correu num ambiente calmo e tranquilo", adiantou ao Novo Jornal o advogado Zola Bambi, frisando que estão agora a aguardar o resultado do relatório para depois anunciar a data do funeral".
O advogado, que se bateu pela presença de um fotógrafo escolhido pela família, referiu que o foram captadas várias imagens do cadáver antes do procedimento forense.
Questionado se mantém a intenção de levar o caso à justiça, Zola Bambi afirmou "que se trata de um crime, e, depois do funeral, a família e o advogado de Inocêncio de Matos terão uma palavra a dizer", o que indicia que a família vai mesmo avançar com um processo contra a Polícia Nacional e o Estado.
Questionado sobre o facto de o Presidente da República, João Lourenço, ter rendido, quinta-feira, 26 de Novembro, um minuto de silêncio em memória de Inocêncio de Matos, durante um encontro com a juventude, Zola Bambi elogiou a atitude do Chefe de Estado, salientando que é resultado da pressão da sociedade.
"Foi bom o Presidente da República ter feito isso, mas é resultado da pressão da sociedade, porque esta acção deveria ter acontecido logo no dia em que morreu Inocêncio de Matos", acrescentou.
Inocêncio de Matos, de 26 anos, era o terceiro filho de sete irmãos, e o único rapaz, após a morte de um irmão seu no ano passado.
Natural da província do Uíge, solteiro, o jovem frequentava o 3.º ano, do curso de engenharia informática da faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto e faleceu no Hospital Américo Boavida, onde deu entrada após ter sofrido graves ferimentos na cabeça durante confrontos com a polícia na manifestação do dia 11 de Novembro.
As dúvidas colocadas pela família e pelos amigos de Inocêncio de Matos passam pelo uso de arma de fogo pela Polícia Nacional, alegando que este terá morrido vítima de um tiro na cabeça.
No entanto, esta versão foi de imediato refutada pela PN, que, ainda no próprio dia, através das suas chefias provinciais, garantiu que os agentes da autoridade em nenhuma circunstância recorreram a fogo real para conter os manifestantes, admitindo, contudo, que foram usados meios não letais, o que inclui balas de borracha e granadas de gás lacrimogéneo.