Esta venda, referente a um total de 3.411 quilates, com o preço a atingir uma média de 1.220 dólares por quilate, mantem o Lulo como uma das minas de diamantes mais importantes do mundo se a comparação for obtida através do valor médio por quilate conseguido.
De fora das vendas deste mês ficaram cinco diamantes de grandes dimensões, que vão dos 43 aos 114 quilates, sendo um deles colorido, com 46 quilates.
A Lucapa, que gere o Lulo mas tem como sócios a Endiama (concessionária) e a Rosa & Pétalas (privados), deixou este lote de diamantes de grande dimensão e de qualidade superior para serem vendidos mais tarde.
Os australianos optaram por adiar as vendas de lotes de diamantes em bruto que estavam engatilhadas até que a nova legislação para o sector, desenhada pelo Executivo de João Lourenço, seja efectivada e fique claro o seu alcance total.
Por causa desta opção estratégica, a Lucapa Diamond Company, viu o seu volume de vendas anual cair de forma significativa, atingindo os 49 por cento no último trimestre, anunciou a empresa.
Em causa, na nova Política de Comercialização de Diamantes está, por exemplo, o abandono da política de clientes preferenciais, que permite às empresas venderem até 60 % da sua produção de forma livre no mercado.
A extinção da condição de clientes preferenciais era considerada uma das anomalias no sector em Angola, o que, segundo a justificação no despacho Presidencial de Junho que a anula, contribuía para que o potencial diamantífero do país não fosse absorvido pela economia nacional porque eram atribuídas condições vantajosas na aquisição de diamantes brutos à Sodiam, que lhes permitiam maiores lucros mas menos rendimento para os cofres do Estado devido ao desconto médio de 30 por cento que conseguiam.
Entre as alterações em curso está a possibilidade de serem realizados "contratos de aquisição regular de diamantes por um período prolongado de tempo", que podem chegar aos três anos.
Face a este cenário, e convictos de que a nova Polícia de Comercialização de Diamantes já estará cabalmente enquadrada com o sector, os australianos da Lucapa admitem que até ao fim deste ano, possam retomar as vendas das suas melhores pedras.
Isto, porque acreditam que, neste período, os associados do Lulo poderão obter rendimentos mais elevados com as vendas a decorrerem já sob a nova legislação.
Todavia, este ano, a Lucapa já vendeu diamantes provenientes do Lulo na ordem dos 24,5 milhões de dólares, tendo obtido um valor médio por quilate de 1.350 USD.
Lulo: novos horizontes
Recorde-se que os australianos da Lucapa Diamond Company anunciaram recentemente a descoberta de uma nova área de grande potencial na exploração de diamantes aluviais na mina do Lulo.
Na fase de testes da nova área de exploração, a Lucapa divulgou que encontrou diamantes num total de 1.500 quilates.
Este lote contem ainda 17 diamantes excepcionais, que são aqueles que com mais de 10,8 quilates, incluindo um gigante de 55 quilates de máxima qualidade - D-color Type Ila.
Com esta descoberta, numa parte do Rio Cacuilo que ainda não tinha sido sondada, a Lucapa anunciou que vai testar novas áreas do território abrangido pela sua concessão centrada no Lulo.
Recorde-se que o Lulo é uma das mais produtivas minas em Angola, onde a Lucapa encontrou as três maiores pedras da história diamantífera do país, incluindo uma de 404 quilates, em 2016, que valeu 16 milhões de dólares norte-americanos e foi transformada numa jóia rara, vendida em 2017 pela Christie"s, em Genebra, na Suíça, por 34 milhões USD.
Perante tão promissor couto mineiro, os operadores têm em curso, desde 2016, uma intensa busca pelo kimberlito original, de onde se crê terem surgido todos os gigantes que estão a ser encontrados nas área de exploração aluvial, ao longo dos cursos de água dentro da concessão.
A mina do Lulo é considerada tão extraordinária pelo mercado global dos diamantes que foi ali que foram extraídos as gemas melhor cotadas no ano de 2016, tendo alcançado um preço médio por quilate de 2983 USD, o reco0rde mundial desse ano.
Face a estes resultados, os operadores do Lulo concluíram que estavam a deixar passar no seu sistema de triagem algumas pedras de grandes dimensões porque o equipamento instalado não estava preparado para as detectar.
Não só adquiriram novo equipamento, como anunciaram que iriam passar de novo a pente fino os entulhos usados numa estrada que tinham sido considerados desperdícios da exploração, e que ficou conhecida como a "Estrada dos diamantes" do Lulo.