Da operação "tapa-buracos" em estradas das cidades de Benguela, Lobito e Catumbela, em curso há duas semanas, salta à vista, para lá da incapacidade das administrações municipais, a presença da Omatapalo, dona de grande parte das obras do pacote de 415 milhões de euros, numa empreitada que, segundo observações de industriais de construção, ajuda a explicar a concentração de negócios num cenário de falência de pequenas e médias empresas locais.
Não se trata, como explicou, quando abordado pelo NJ, o vice-governador para a área Técnica e de Infra-Estruturas, Adilson Gonçalves, de uma "obra propriamente dita", mas nem isso baixa o tom da crítica.
O técnico António Manuel, que também vê falhas na forma como se executa este "tapa-buracos", sublinha que nada justifica a exclusão de firmas a braços com dificuldades que decorrem da falta de obras.
"É por esta via que o Estado deve empoderar os pequenos, até porque, apesar de paliativo e pontual, este trabalho envolve fundos públicos", realça, acrescentando que, em situação normal, estes remendos nas vias públicas estariam a cargo das Administrações.
A Omatapalo a tapar buracos, com máquinas e homens em diferentes pontos das principais cidades, suscita críticas também em círculos políticos, havendo insinuações de "acumulação primitiva de capital", um fenómeno muito criticado pelo economista Filomeno Vieira Lopes, membro da Frente Patriótica Unida (FPU).
Tal como o engenheiro António Manuel, o arquitecto Felisberto Amado, professor universitário, lembra que se trata de uma "medida paliativa", sublinhando que as estradas de Benguela, Catumbela e Lobito, mesmo no casco urbano, precisam de uma intervenção de fundo.
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