Nas últimas semanas, o petróleo ultrapassou os 70 dólares norte-americanos em Londres, cujo mercado, o Brent, marca o ritmo do que valem as exportações de Angola, mas nos últimos dias parece querer fixar-se nos 75 USD e com tendência para manter a escalada.
A suportar este bom desempenho do petróleo, pelo menos na perspectiva dos países exportadores, mas menos brilhante quando visto dos maiores importadores, como a China ou a Índia, devido ao aumento dos custos de produção das suas máquinas industriais, está, como alicerce, o plano de cortes de 1,8 milhões de barris por dia (mbpd) definido pela OPEP (Organização de Países Exportadores de Petróleo) e pelo conjunto de 11 não-membros, com a Rússia à cabeça, e aplicado a 01 de Janeiro do ano passado.
Isto, porque esses cortes têm permitido, paulatinamente, enxugar as reservas das grandes economias, como a dos EUA, em valores que oscilam até aos 5 milhões de barris por semana, pressionando em alta os mercados, seja o Brent ou o WTI, que traduz o valor do barril para os EUA, por exemplo.
Mas os saltos mais acentuados no valor do barril têm surgido da volatilidade e instabilidade em algumas regiões do globo, com destaque para o estratégico Médio Oriente, assolado por conflitos galopantes, seja na Síria ou no Iémen, seja porque o Irão, um dos maiores produtores mundiais, depois das sanções que lhe travavam as exportações terem sido levantadas, podem agora voltar com as ameaça do Presidente dos EUA, Donald Trump, de a 12 de Maio anunciar se se desvincula do acordo que trocou o levantamento das sanções pela suspensão do seu programa nuclear.
Não são poucos os analistas que admitem que uma nova crise com o Irão, a surgir, possa reenviar o preço do barril para os 100 dólares, onde já não está desde 2014, ano em que se acentuou de forma sólida
Mas também na Venezuela, país que ostenta as maiores reservas mundiais, envolvido numa grave crise política e num caldo de instabilidade que tem desmantelado o seu sector petrolífero, em permanente queda de produção, ou noutros locais, como a Líbia ou a Nigéria, países periodicamente sujeitos ao impacto na produção de conflitos internos.
O Brent está hoje nos 74, 20 USD por barril e o WTI (Texas, EUA) nos 68,10 dólares, valores que levam os países exportadores a esfregar as mãos e que, por exemplo, para Angola está a ser decisivo para a melhoria do seu "rating" internacional, coma norte-americana Fitch a colocar o bom desempenho do petróleo como um dos factores que ajudou o país a passar do patamar negativo para estável, embora ainda mantendo o nível de "lixo".
Banco Mundial estima subida acentuada do crude
Nos dias que correm, tudo parece apontar para que Angola possa emergir como um dos países mais beneficiados por esta oscilação em ascendente do petróleo.
O Banco Mundial deu a última achega ao publicar o seu "Outlook" para 2018, onde prevê um aumento de 20 por cento face a 2017 nos preços do petróleo, do gás natural e do carvão.
A sustentar estas previsões do Banco Mundial está a consolidada procura em alta dos consumidores, especialmente com a melhoria esperada na economia global, que o FMI aponta para um crescimento de mais de 3 por cento este ano, com o impacto esperado nas grandes economias industriais, como a China ou a Índia, o que levará a uma maior procura por crude.
Mas a instituição nota igualmente que esse impulso advirá da esperada manutenção de crises em regiões de grande concentração de produtores, como o Médio Oriente, ou em alguns países, como a Venezuela e a Líbia, entre outros.