Segundo o documento da AIE, apenas o projecto da francesa TOTAL de Kaombo, com 230 mil barris/dia previstos, vai permitir a Angola atenuar as quebras na produção neste período, embora não seja suficiente, como não foram os projectos recentes da Chevron - Mafumeira Sul - e da ENI - East Hub - para que dos 1,65 milhões de barris por dia em média no ano de 2017, se fixe em 1,29 milhões em 2023.
Como pano de fundo para esta acentuada quebra indesejada na produção petrolífera nacional está o igualmente acentuado desinvestimento, devido à pouca competitividade do sector no país face às condições dos mercados nos últimos anos, em áreas como a prospecção e a exploração e o consequente envelhecimento das infra-estruturas actuais, adverte o documento da AIE.
Esta quebra representa pouco menos de 22 por cento mas demonstra claramente que a política nacional para este sector foi desajustada da realidade, muito por causa da crise iniciada em 2014, quando o barril tombou de um valor acima dos 100 USD para menos de 30 no início de 2016, gerando um desinvestimento das multinacionais e a saída do país de grande parte dos seus técnicos.
Face a uma quebra em Angola, a AIE sublinha o desempenho em sentido inverso da Nigéria, o maior produtor africano, que vai, neste mesmo período, experimentar um crescimento na sua produção, mesmo que pouco relevante, o que vai ajudar na consolidação do seu estatuto de grande produtor continental, que foi disputado e conquistado por Angola esparsamente nos últimos dois anos.
A AIE explica com detalhe que o problema em Angola passa muito pelo não investimento exigido nos blocos em águas ultraprofundas, sendo esta quebra estimada para ser prolongada devido aos avultados investimentos exigidos e com o mercado a mostrar bastante resiliência aos esforços da OPEP e da Rússia para manter o barril acima dos 65 dólares.