Se o primeiro-ministro Benjamin Netanyhau não conseguir a sua guerra, que parece quase impossível que não aconteça, depois da humilhação feita aos iranianos ao assassinar na sua capital, Teerão, o seu "hospede" no dia da tomada de posse do seu novo Presidente, Masoud Pezeshkian, provavelmente não sobreviverá aos próximos meses.

Mais de 70% dos israelitas, de acordo com a última sondagem feita sobre a sua popularidade, querem ver Netanyhau fora do Governo, e sem um ataque escalatório do Irão, dificilmente o primeiro-ministro israelita sobreviverá à pressão das ruas e da oposição.

Isto, porque Benjamin Netanyhau, mesmo tendo acesso ilimitado às armas mais sofisticadas dos arsenais dos EUA, com um exército de 350 mil soldados, ao fim de 10 meses de guerra, depois de ter morto mais de 30 mil civis palestinianos e destruído totalmente a geografia urbana de Gaza, não conseguiu nenhum dos objectivos a que se propôs.

Não conseguiu derrotar o Hamas, entre 20 mil e 50 mil combatentes, armados apenas com armas ligeiras e roquetes caseiros; não conseguiu libertar os reféns levados para Gaza pelo Hamas a 07 de Outubro do ano passado; e Gaza não é, como disse que seria, um local seguro para os israelitas...

Para evitar responder a estes falhanços, que podem mesmo ser uma humilhação ainda maior que em 2006, quando o Exército israelita foi derrotado pelo Hezbollah, na denominada "guerra dos 30 dias", Netanyhau precisa que o Irão e o Hezbollah caiam na sua armadilha e lancem uma vaga de ataques sobre Israel, ainda mais forte que o de 13 de Abril (ver links em baixo), de forma a arrastar os EUA para um conflito com o Irão.

Como avançava em Julho The Times os Israel, 72% dos israelitas querem que Netanyhau se demita, sendo que apenas 44% querem que o faça imediatamente e apenas 28% depois da guerra, o que foi um alerta pesado para o chefe do Governo.

Além disso, sem a sua guerra, que é uma espécie de fire wall para o proteger dos imbróglios internos, Netanyhau terá de começar a responder a questões às quais dificilmente sobreviverá politicamente.

Desde logo as suspeitas de conluio interno para as inexplicáveis falhas de segurança no 07 de Outubro de 2023, onde algumas das secretas mais famosas do mundo, a Mossad (externa), o Shin Bet (interna) e AMAN (militar) não foram capazes de antever e perceber que o Hamas estava a preparar um assalto histórico ao sul de Israel com mais de 3 mil combatentes, que levou meses a preparar e organizar.

Mas ainda terá de lidar com as acusações de corrupção agravada que antes da operação militar lançada sobre Gaza estava a enfrentar em tribunal na condição já de acusado.

Provavelmente, apesar de o Irão estar em plena guerra psicológica, gerando tensão tanto em Telavive como em Washington, com a extensão estratégica da iminência de um ataque que tarda, a punição pela morte de Ismail Henayeh, e também pelo, dias antes, nº 2 do Hezbolah, general Fuad Shukr, vai mesmo acontecer...

Só que, como sublinha nesta segunda-feira, 12, citado pela Al Jazeera, Rami Khouri, director do departamento internacional da Universidade Americana de Beirute, o Irão está "numa extensiva guerra psicológica".

"Quando se espera um grande ataque a Israel, os iranianos e o Hezbollah estão a ser muito reservados sobre isso... o que estão a fazer é uma verdadeiramente extensiva guerra guerra, mais que tudo o resto, mantendo os israelitas em permanente sobressalto", disse.

E acrescentou: "Não é apenas o exército israelita, exausto e a lidar com muitas pontas soltas, sem conseguir os seus objectivos em Gaza, mas também a população e a economia israelitas estão a ser fustigadas com uma arma letal para os seus nervos, a espera tensa por uma ameaça pesada".

A tensão social é ainda visível no esgotamento dos lugares nos voos que partem de Telavive para a Europa e EUA, que reduzem substancialmente com cada vez mais companhias aéreas ocidentais a deixarem de voar para a região.

Os israelitas já sabem que o Irão possui armas com capacidade para trespassar as suas defdasa antiaéreas, que os media ocidentais sacralizam como inexpugnáveis mas que se mostraram impotentes face aos misseis hipersónicos lançados pelo Irão a 13 de Abril como punição pela morte de dois generais na Embaixada do Irão em Damasco, Síria.

Nesse ataque o Irão, que avisou com antecedência efectiva, usou (ver links em baixo) perto de 400 projecteis de longo alcance, incluindo drones e misseis de cruzeiro antigos, todos abatidos pelos israelitas e pelos seus aliados na região, nomeadamente os navios e aviões das bases dos EUA e do Reino Unido, e entre 4 a 8 misseis hipersónicos, tendo todos eles, ou quase todos, atingido os objectivos, duas bases israelitas nos Montesa Golã e no Deserto do Neguev.

Como vai ser efectivada a retaliação desta feita? Uma possibilidade é os aliados do Irão, Hezbollah, no sul do Líbano, fronteira norte de Israel, os Houthis, no Iémen, e o Hamas e a Jihad Islâmica, em Gaza, exaurirem as defesas antiaéreas de Israel com vagas sucessivas de roquetes, provavelmente como engodos sem explosivos.

E, depois, no que podem ser dias ou semanas, o Irão e estes grupos lançarão uma vaga de ataques com armas modernas e mais sofisticadas, como os Fattah -1, os misseis hipersónicos já testados por Teerão e que, entretanto, podem ter sido deslocados previamente para os territórios mais próximos dos alvos.

Ciente desta realidade, o ministério da Defesa israelita já avisou que o Irão e o Hezbollah vão sofrer um ataque nunca visto na resposta ao esperado acto de retaliação pela morte de Henayeh e Fuad Shukr.

Segundo os serviços de intelligentsia norte-americanos, o Irão lançará o seu ataque até quarta-feira. Os EUA já têm uma poderosa concentração de meios navais e aéreos na região para ajudar Israel, incluindo porta-aviões e submarinos nucleares.

Para tentar impedir esta escalada, a comunidade internacional procura amaciar o Irão de forma a reduzir a escala e intensidade da retaliação.