Isto, porque, este vírus, da família do que causa a varíola humana, perigoso mas menos letal, acaba de sofrer uma mutação que a Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda não sabe se pode ser mais letal, mas já se sabe que se transmite com mais facilidade.

A mutação foi detectada na cidade de Kamituga, na zona de Mwenga, província do Kivu Sul, tendo as autoridades congolesas, em coordenação com a OMS, optado por decretar a situação de emergência nacional.

Isto, porque, apenas desde Janeiro, foram confirmados quase 5.000 casos de Mpox, e mais de 300 mortes, o que deixa em aberto uma subida provável da mortalidade associada a esta doença que, nos últimos dois anos tem gerado algum pânico na Europa.

A detecção da mutação genética foi feita durante as análises aos pacientes hospitalizados na área de Mwenda, com a agravante de não haver, nesta zona do Congo, relatos de contactos frequentes entre pessoas e animais selvagens, o que conduziu os cientistas à conclusão de que as alterações resultam da continua transmissão entre humanos.

Citado pela AFP, o responsável pelas investigações, Placide Kingebeni, admitiu que esta detecção de uma mutação genética deixa claro que se está perante uma nova fase da evolução da doença provocada pelo Mpox.

Uma das mudanças confirmadas pelos investigadores é que esta nova versão do vírus provoca lesões na área dos genitais quando a versão conhecida até agora se manifestava especialmente com lesões nas mãos e no peito, o que torna mais difícil a detecção porque muitos dos pacientes tendem a esconder que padecem do problema.

A OMS já fez saber também que este cenário exige uma mudança na estratégia na detecção e rastreio da doença para apurar se se trata de uma nova variante ou a até agora conhecida, e para, sendo isso o mais importante, perceber se a maior taxa de infecção acompanha uma maior letalidade.

A transmissão sexual é a mais frequente, o que cria fortes estigmas sociais, levando as pessoas a optar por esconder que padecem da doença, que só poderá ser efectivamente controlada se os portadores se dirigirem voluntariamente aos centros de saúde criados para o efeito.

Placide Kingebeni alerta para a possibilidade de se estar a viver já uma extensa expansão silenciosa da doença, porque o facto desta estar a ser, há anos, ligada especialmente à comunidade gay e bissexual cria um estigma ainda mais severo.

E o problema é que se na Europa essa condição foi divulgada intensamente, a pesquisa em curso na RDC demonstra que está longe de ser a verdade toda, porque pelo menos um terço dos casos provêm de testes feitas a prostitutas.

Para já não existem indícios de que este problema possa levar a OMS a considerar tratar-se de um problema de saúde global, como, or exemplo, aconteceu com o Ébola ou com a Covid-19, mas existe o risco de alastramento regional, especialmente para os países vizinhos mais próximos, como o Burundi ou o Ruanda.