Tendo confirmado a presença do País na Cimeira, as autoridades guineenses não abrem o jogo quanto à sua representação, nomeadamente se Embaló viajará ou não até Luanda para participar da Cimeira.
A presença estará ainda dependente de certa normalização das relações a nível diplomático, nomeadamente a acreditação de novos embaixadores dos respectivos países em Bissau e Luanda.
Contudo, Embaló não é a única "dor de cabeça" para Luanda. Jair Bolsonaro (do Brasil) já confirmou a ausência, alegando problemas de agenda, nomeadamente "compromisso, anteriormente agendado, em Manaus, na Amazónia", disse em Lisboa o chefe da diplomacia brasileira, Carlos Alberto Franco.
A ausência de Bolsonaro era previsível, devido ao conflito que opõe a IURD brasileira às autoridades angolanas, sobretudo depois da expulsão de dezenas de bispos brasileiros do território nacional e a "nacionalização" da IURD em Angola.
Os evangélicos representam parte importante dos eleitores de Bolsonaro que tem, no Governo e no Parlamento, nomeadamente no Partido Republicanos, destacados membros da citada confissão religiosa que têm feito pressão sobre o Presidente brasileiro, no sentido de decretar sanções contra Angol, incluindo corte de relações.
Nesta disputa, o Brasil tomou partido público pela IURD, quando, em Julho do ano passado, Bolsonaro enviou uma carta ao presidente angolano externando "preocupação com os episódios" de "invasões a templos e outras instalações da IURD". "Registam-se relatos de agressões a membros da igreja, que, em certos casos, teriam sido expulsos das suas residências", escreveu, na ocasião, o líder brasileiro.
Em apuros em termos de popularidade e com os olhos postos na sua própria reeleição, o Presidente do Brasil teve de optar por não beliscar a sua base eleitoral ligada à IURD em vez de agradar Angola.
Em Timor-Leste, a crise entre o Presidente Francisco Guterres e o primeiro-ministro Taur Matan Ruak agita a política interna e poderá contribuir para mais uma ausência de alto nível.
Nos corredores diplomáticos da CPLP assiste-se a uma intensa movimentação para tentar salvar a realização da XIII Cimeira da organização em Luanda, com a presença do maior número de Chefes de Estado.
É por isso que, na recente visita a Bissau, a convite de Sissoco Embaló, o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, incluiu na bagagem a Cimeira da CPLP e a eventual presença do líder guineense em Luanda, segundo fontes diplomáticas.
Lisboa manifesta-se preocupada e vai trabalhando nos bastidores para evitar um eventual fracasso da CPLP, que significaria o seu próprio fracasso, já que a CPLP é um importante instrumento de política externa portuguesa.
Em tempos de pandemia e de instabilidade ou crise política nalguns Estados da CPLP, o Encontro de Luanda, capital de Angola, país cujo Chefe de Estado bate o record de ausências (seis em 12), corre o risco de ser a cimeira com a mais reduzida presença ao mais alto nível.

A diplomacia da CPLP tem poucos dias para mostrar o que vale e evitar um indesejável fracasso.