O Reino Lunda abrange um vasto território no interior de Angola, de norte a sul, envolvendo as províncias da Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico e Kwando Kwbango. Os promotores desta reivindicação baseiam-se num acordo celebrado entre os representantes de Portugal e da Bélgica, antigas potências coloniais na região, antes da Conferência de Berlim (1884-1885), que delimitou as fronteiras das colónias africanas.
A Assembleia Nacional recorda que o referido acordo "não respeitou a história, as relações étnicas e os laços de consanguinidade existentes entre os seus povos". Contudo, para "prevenir potenciais conflitos armados", devido a disputas territoriais, a Carta da Organização da Unidade Africana e da União Africana estabelecem a "intangibilidade das fronteiras herdadas das potências coloniaiscomo norma imperativa".
O 'Movimento do Protectorado Lunda-Tchokwe' denunciou no final do mês de Março, que três dos seus activistas foram detidos pela Polícia Nacional de Angola na província da Lunda- Norte, na posse de material de propaganda alusivo à causa independentista deste território. Na área norte deste território (Lundas) está concentrada a produção angolana de diamantes, a segunda principal fonte de receitas em Angola, depois do petróleo.
Recentemente, um responsável da comissão do referido manifesto, defendeu um diálogo com o governo angolano para discutir a autonomia da região. Numa entrevista à Voz da América, José Mateus Zecamutchima disse que o objectivo da sua organização é conseguir a autonomia para o desenvolvimento da zona leste de Angola como parte integrante de Angola.
"Embora no passado a Lunda tivesse sido "independente" o objectivo é a autonomia como parte integrante de Angola", disse. Acrescentou ainda que "as autoridades angolanas deveriam abordar a questão no imediato pois", continuou, "os problemas devem ser resolvidos antes de se tornarem questões mais difíceis de resolver".
Com base em tratados históricos com as autoridades portuguesas, a organização reivindica a autonomia de uma vasta região que engloba as províncias do Kwando Kwbango, Moxico e Lundas norte e sul. Zecamutchima ressaltou que sabe que conta com o apoio popular porque ele próprio faz parte de uma família de dirigentes tradicionais que conhecem as aspirações das populações.